Livro: Steve Jobs – A Biografia, de Walter Isaacson


Você deve estar se perguntando por que a biografia de Steve Jobs foi resenhada nesse blog? É simples: ele revolucionou o mundo da música ao superar Sony, Warner e outros. Não é pouco.

Walter Isaacson é jornalista, biógrafo e virou amigo de Steve Jobs. E foi o próprio Jobs que pediu a ele que escrevesse o livro. Apesar de relutar bastante em aceitar o trabalho, ele topou com uma condição: que ninguém poderia interferir em seu trabalho, nem mesmo o biografado. Com tudo certado, Isaacson começou uma série de entrevistas ao longo de dois anos, conversando com familiares, parentes, amigos, inimigos e pessoas que trabalharam com ele por quase 40 anos.

O livro é rico em detalhes, como o início em que os pais biológicos de Jobs o entregaram para adoção ainda bebê com uma condição: que ele fosse adotado por pessoas que garantiriam seu futuro em uma faculdade. Clara e Paul Jobs aceitaram isso e que sorte eles tiveram. Eles tinham um menino muito especial entre eles e perceberam isso rapidamente. Para o bem e para o mal, acabaram fazendo tudo que ele queria.

Steve se tocou que era um acima da média, ou especial como ele mesmo afirmou, ainda criança, quando reparou que era mais inteligente que seus pais. E uma coisa interessante: o casal nunca escondeu que ele era adotado, o que acabou ajudando a não se importar muito com sua origem – apenas anos depois, quando já era um dos homens mais bem-sucedidos na indústria da tecnologia, ele resolveu procurar sua mãe biológica.

Não apenas ser, mas saber que era um menino acima da média proporcionou a Jobs manipular as pessoas para fazer o que ele queria. Sabia muito bem quando usar de ser charme e bajulação, assim como sabia ofender qualquer um que fizesse um trabalho ruim. Aliás, para ele, existiam dois tipos de pessoas: as inteligentes e as burras. Desde seu emprego na Atari até virar CEO da Apple, ele menosprezava e era um babaca com as pessoas – abandonar sua filha primogênita é uma de algumas manchas em sua vida privada. Mas quem conseguia mostrar a ele outro caminho, ganhava não só respeito, mas admiração e promoções dentro das empresas em que trabalhava. Mesmo sendo um descontrolado em certos momentos, Jobs conseguiu fazer uma coisa admirável: uniu todos os departamentos da empresa em um objetivo. Não havia separação, algo crucial no para o seu próprio controle de qualidade do trabalho feito.

A intenção dele nunca foi ganhar dinheiro, ao menos era o que ele dizia. A intenção era criar produtos perfeitos, incomparáveis e que fizessem a diferença no mundo – Jobs sempre acreditou que morreria jovem, então os planos dele sempre envolviam um capricho com relação aos produtos da Apple, a NeXT e da Pixar. Assim ele fez a diferença no mundo.

Graças a ele, que viu potencial em unir tecnologia e arte, a Pixar virou a maior empresa de animação dos últimos 20 anos. Graças a ele, a Apple teve seu primeiro pico de sucesso entre o final dos anos 1970 e início dos anos 1980. E foi ele que resgatou a empresa do limbo dos anos 1990 ao apostar na mesma estratégia que o consagrou: menos é sempre mais. Ter 70 produtos não é garantia de sucesso, mas se concentrar em quatro ou cinco é certeza de foco no necessário para ter o melhor. Esse pensamento gerou o iMac, o iPod, iPhone e o iPad.

Estar um passo à frente é um mérito na vida do CEO. Ao ver a pirataria dominando o ramo musical, ele criou a Apple Store e forçou as gravadoras aceitarem 99 centavos de dólar por uma música, dando novo fôlego a elas. Quando viu que estava vendo a Amazon dominar o mercado dos livros, aceitou que as editoras colocassem o preço que desejassem e aceitou ver a Apple levar 30% dos lucros. Quando viu que faltava ter Beatles na Apple Store, negociou pessoalmente com a EMI e com os donos dos direitos das músicas o catálogo completo da banda, um de seus últimos feitos na empresa. Além disso, deixou encaminhado os projetos da Apple TV e de alguns produtos recém-lançados.

É praticamente impossível ver alguém que não tenha um smartphone, um tablet e um tocador de música. Sem fazer pesquisas de mercado, ele sabia exatamente como agradar o público consumidor. Por não saber programar, sempre apostou na simplicidade. Jobs pode ter sido um babaca em alguns momentos, mas isso ajudou a Apple e a Pixar a serem as pioneiras em seus setores hoje.

Steve não dava o que o público queria, ele antecipava o que o público ainda não precisava, mas que não poderia viver sem. Isso resume bem ele na Apple.

Veja também:
Livro: Metallica – A Biografia, por Mick Wall
Livro: Luz e Sombra – Conversas com Jimmy Page, de Brad Tolinsk
Livro: Mick Jagger, de Philip Norman
Documentário: Some Kind of Monster, de Joe Berlinger e Bruce Sinofsky (2004)
Documentário: Jason Becker – Not Dead Yet, de Jesse Vile (2012)
Documentário: Bruce Springsteen's High Hopes, com Bruce Springsteen




Siga o blog no Twitter, Facebook, Instagram, no G+ e no YouTube

Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais!

Comentários