Resenha: Tom Petty and the Heartbreakers - Hypnotic Eye


Veterano segue em atividade com sua famosa banda

Tom Petty é, talvez, da última geração de músicos surgidos nos anos 1970 que foram inspirados pelo rock and roll e pelo blues. Por ter surgido no final da década, acabou aparecendo com um sopro de frescor em um momento em que o mainstream passava por mudanças drásticas. Ainda por aí, ele continua fazendo sua música.

Caso você nunca tenha ouvido Tom Petty, o início de "American Dream Plan B" é exatamente o esperado: guitarras altas, mas nem tanto, voz marcante, uma virada até o refrão e um riff marcante de guitarra. Óbvio, certo? Mas essa obviedade é tão marcante, que não é ruim, pelo contrário. A letra fácil ajuda a decorar a canção na terceira audição, suficiente para cantar junto e fazer air guitar pela sala.

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A linha de baixo dá o tom em "Fault Lines", em que a guitarra diz “use-me e abuse-me” de início dá o caminho desse blues acelerado de letra triste. Mostrando versatilidade, o quase (é isso mesmo, quase) country "Red River" coloca prova de que Petty sabe cantar boas baladas clichês, enquanto os Heartbreakers dão seu show nos instrumentos – o uso do piano, baixo e a segunda guitarra seguram bem a melodia. Mas, claro, o inconfundível solo não poderia ficar de fora na introdução da segunda metade.

Ao apresentar o blues "Full Grown Boy", Petty definitivamente prova que não é mais aquele garoto do início da carreira ou que foi convidado para tocar baixo no Traveling Wilburys. É a típica canção de quem sabe o que está fazendo, de quem não liga mais para paradas de sucesso, de quem deseja apenas fazer o que gosta da melhor maneira possível.

De volta ao rock, "All You Can Carry" usa exatamente a fórmula que consagrou a banda: uma mistura com country simples e extremamente delicioso de se ouvir para, logo na próxima faixa, voltar ao blues na cheia de sentimento "Power Drunk". Por um instante, achei que alguma cantora iria entrar em "Forgotten Man", mas Petty chegou com tudo em uma canção mais dançante do que outras. Diminuindo o ritmo, "Sins Of My Youth" é outra balada, mas, diferente da anterior, é para baixo e é praticamente um desabafo do cantor em uma faixa regular. Enquadrado na categoria classic rock, o grupo não poderia deixar o estilo para trás em seu novo disco, sendo bem representado em "U Get Me High", que usa toda fórmula para fazer sucesso nos shows: refrão fácil e uma melodia bem leve.

Agora, clássico mesmo é "Burnt Out Town", um country puro como não se vê atualmente. A mistura entre instrumentos e a maneira de Tom Petty realmente lembram às velhas músicas de raiz norte-americana dos anos 1920 e 1930, e ela ganha um toque de modernidade exatamente no momento em que aceleram, dando certo ar de blues, exatamente o que acontece em "Shadow People", encerrando muito bem o disco.

Se você pensa que esse é o melhor disco de Tom Petty e dos Heartbreakers, então ouça a discografia deles novamente. Não está no topo, mas é superior ao que ele fez de alguns anos para cá. Ele não traz nenhuma novidade concreta, mas esse disco, em comparação com alguns de anos atrás, certamente parece mais inspirado e mais cuidadoso nas letras, nas melodias e nos vocais. A voz inconfundível de Petty faz toda diferença ao cantar country e blues, por exemplo. Que eles sigam essa toada por mais tempo.

Tracklist:

1 - "American Dream Plan B"
2 - "Fault Lines"
3 - "Red River"
4 - "Full Grown Boy"
5 - "All You Can Carry"
6 - "Power Drunk"
7 - "Forgotten Man"
8 - "Sins Of My Youth"
9 - "U Get Me High"
10 - "Burnt Out Town"
11 - "Shadow People"

Nota: 4/5



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