Mais um ano em que dedico um longo tempo para ver os filmes e ouvir as trilhas sonoras e músicas indicadas ao Oscar. Já foi vídeo, já foi podcast e agora é texto.
Funciona assim: assisto aos filmes indicados, ouço as trilhas sonoras e fico de olho nas premiações ao longo das últimas semanas — algumas funcionam como bons indicadores de potenciais vitórias, principalmente a do respectivo sindicato, outras apenas como ferramenta de marketing para incrementar campanhas junto aos votantes da Academia.
Abaixo, segue a análise e os comentários sobre cada um dos indicados. Aqui, o foco está na trilha sonora, não nos filmes. E, por favor, deixem nos comentários quem vocês gostariam de ver levando o Oscar para casa.
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Melhor Trilha Sonora
“Conclave”
Composta por Volker Bertelmann, vencedor do prêmio pela nova versão de “Nada de Novo do Front”, também dirigido por Edward Berger, a trilha sonora de “Conclave” é a melhor dentre todas as indicadas. Assim como faz o filme, o trabalho do compositor alemão é cheio de drama, suspense e envolve o ouvinte de tal maneira que prender a respiração nos momentos decisivos é um movimento natural durante a audição. Com três indicações na carreira, ele se consolida cada vez mais como um dos compositores favoritos do ramo de música do Oscar.
Infelizmente, apesar da qualidade do trabalho, ele não é o favorito para vencer pela segunda vez na carreira. Mas, com certeza, seria meu voto se tivesse como escolher um.
“Emilia Pérez”
Nem me darei ao trabalho de fazer qualquer comentário sobre esse filme. Apesar de admirar muito o trabalho do compositor Clement Ducol e da cantora Camille, a coleção de músicas de “Emilia Pérez” é um erro do começo ao fim.
“O Brutalista”
Grande favorito da noite para levar o prêmio em Trilha Sonora e deve levar mesmo, o trabalho de Daniel Blumberg se assemelha muito ao brutalismo, estilo arquitetônico de impacto poderoso e cheio de ousadia. Em um filme de 3h35 de duração, contando o intervalo, ele opta por contar a história através das músicas e ajuda a embalar a narrativa, apesar de soar apagada em alguns momentos. Blumberg não teve medo de compor temas inspirados para um segundo trabalho do tipo na carreira e correspondeu às expectativas do diretor Brady Corbet que, mesmo se perdendo na segunda parte, entregou um épico.
“Robô Selvagem”
Toda animação precisa de uma trilha sonora forte do início ao fim para acompanhar uma história que precisa encantar as crianças e chamar a atenção dos adultos. Esse é o resultado do trabalho de Kris Bowers é “Robô Selvagem”, uma das melhores animações dos últimos anos - nem tanto pela história, mas pela forma como os roteiristas Chris Sanders e Peter Brown escolheram como contá-la. E é assim que as músicas entram, dando impulso nos personagens e funcionando como um alicerce para contar os acontecimentos. Bowers, já quase um veterano na indústria, é alguém para ficar de olho - ele entrega um grande disco mais uma vez.
“Wicked”
A Academia adora um musical desde sempre. Isso é fato. Um musical que acabou sendo o filme pipoca da temporada é para os votantes lamberem os beiços. Surpresa entre os cinco indicados, o trabalho de John Powell, compositor dos temas originais instrumentais, e Stephen Schwartz, compositor das letras para o musical, ganha força com a parceria entre Cynthia Erivo e Ariana Grande ao longo de boa parte da trilha sonora. A parte instrumental funciona para colocar o ouvinte no clima até a cantoria chegar. Não é meu gosto, mas entendo perfeitamente o apelo.
Quem deveria ter sido indicado, mas não foi: “Rivais”, de Trent Reznor & Atticus Ross.
Melhor Canção Original
Entramos em mais um ano com Diane Warren indicada e, honestamente, não aguento mais. Se o sacrifício para ela não aparecer mais for dar a ela o prêmio por “The Journey”, cantada por H.E.R., do filme “Batalhão 6888”, por mim tudo bem. A favorita ainda é “El Mal”, de “Emilia Pérez”. Dentre todas as músicas da trilha sonora desse filme horroroso, acaba sendo a menos pior - o que não significa muita coisa.
Tenho esperança que os votantes tenham ido de coração aberto para votar em “Like A Bird”, do filme “Sing Sing”, composta por Abraham Alexander e Adrian Quesada. É uma música bonita de um dos melhores filmes do ano passado. Recomendarei para sempre. É a melhor em um dos piores anos da história em Canção Original. Como eles escolheram as concorrentes, é um mistério que merece os melhores investigadores de “Chicago P.D.”
Correndo por fora estão “Mi Camino”, também de “Emilia Pérez”, e “Never Too Late”, de Elton John e Brandi Carlile para o documentário chatíssimo de mesmo nome, sendo a segunda com boas possibilidades de surpreender por ser de uma das pessoas mais queridas da Academia e amigo de muita gente disposta a dar esse voto a ele para não dar nada ao filme de Jacques Audiard.
Quem deveria ter sido indicado, mas não foi: “Compress/Repress”, de Trente Reznor & Atticus Ross, e “Sick In The Head”, do Kneecap.
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