Festival: In-Edit Brasil 2018


São 48 documentários espalhados em 11 dias de evento

Ontem (7), começou oficialmente a décima edição do In-Edit Brasil e, como sempre, um dia antes o festival de documentários musicais abre as portas com uma grande estreia. Neste ano, o grande destaque é o longa Onde Está Você, João Gilberto.

Clique aqui para mais informações sobre o festival, aqui para ver as playlists oficiais do evento e aqui para ver como foi a cobertura do blog em 2017.



Dzimba Dze Mabwe – Casa de Pedra (2017)

Direção: Luiza Gannibal. Duração: 62 min. Elenco: Fabio Mukanya Simões, Barnabas Ngalande, Elias Manyadzire. Países: Brasil e Zimbabwe.

O Zimbabwe é o segundo país mais pobre do mundo, segundo levantamento da Global Finance Magazine feito em 2016, à frente apenas da República Democrática do Congo. Recentemente, o país passou por um delicado processo político que resultou na deposição do antigo ditador, Robert Mugabe, para entrada de Emmerson Mnangagwa.

Determinadas tradições foram sumindo com o tempo, mas o Mbira segue como símbolo da música do povo Shona. Da família dos lamelofones, o instrumento é feito com pedaços de arame transformados em teclas dentro de, geralmente, uma caixa de madeira para reverberar o som.

O documentário é bem curto, com pouco mais de uma hora, e mostra como Luiza Gannibal e Fabio Mukanya Simões pegaram uma câmera e foram até o Zimbabwe para descobrir mais sobre o instrumento. Mas não só isso, também como o Mbira segue parte da tradição local em diversas partes do país – principalmente na zona rural, em que o instrumento é usado tanto para diversão, quanto em rituais religiosos

A falta de legenda dificultou um pouco o entendimento do que era dito – o sotaque muito forte mais os locais de gravação não ajudaram muito, então o som acabou prejudicado em vários momentos – em um documentário que traz um bom recorte de um instrumento pouco conhecido e uma abordagem pouco usual, mas funcional dada as dificuldades. Outro ponto negativo é o tamanho, já que pouca coisa ganhou profundidade. Por exemplo, o grande fabricante de Mbira local merecia mais destaque.


Asfalto – 25 anos de Dead Fish (2017)

Direção: Marcos Okura e Caio Rodrigues. Duração: 104 min. Elenco: Dead Fish. País: Brasil.

O Dead Fish já pode se considerar um vencedor. Primeiro por tentar viver de música no Brasil; segundo por estar há mais de 25 anos tentando viver de música no Brasil. Um das grandes bandas independentes brasileiras, enfim, ganhou um documentário para chamar de seu. E que ótimo documentário, diga-se.

Um dos diretores, Marcos Okura contou logo após a sessão no Centro Cultural São Paulo (CCSP) que o primeiro corte ficou com 3h30 de duração. Ou seja, muita coisa para contar ao longo de tantos anos de estrada. Então, da forma mais simples possível, os diretores escolheram a ordem cronológica para mostrar a história da banda na tela. Como não poderia deixar de ser, teve muito amor, muita briga, disputa de poder, momentos de altos e baixos e tudo que bandas têm ao longo dos anos.

A boa notícia é que nada é escondido ou suavizado. Temos um documentário em que tudo é explicado, principalmente as brigas que levaram às constantes trocas de integrantes ao longo dos anos ou quando eles assinaram com uma grande gravadora e ficaram mais famosos. Cada treta é minimamente explicada ao espectador, que ficaria perdido com a grande quantidade de músicos que passaram pela banda em 25 anos.

É um documentário bem simples ao optar pelo básico: ordem cronológica dos acontecimentos, depoimentos dos novos, velhos e ex-integrantes e imagens de arquivo de shows e bastidores – Rodrigo contou, também no CCSP, que muitas das imagens estavam em fitas mofadas e não eram assistidas há mais de 15 anos.

Tive um ataque de saudosismo ao ver o documentário, já que o Dead Fish foi uma das bandas que mais ouvi na adolescência. No fim das contas, manter a banda acima de qualquer pessoa e não abrir mão disso em momento algum são os fatores que os mantêm até hoje na estrada. Erros e acertos acontecem. O importante é aprender com eles. E o Dead Fish aprendeu.


Adoniran Barbosa – Meu Nome é João Rubinato (2018)

Direção: Pedro Serrano. Duração: 92 min. Elenco: Carlinhos Vergueiro, Eduardo Gudin, Pelão, Sergio Rubinato. País: Brasil.

Adoniran Barbosa (1910-1982) foi um dos grandes compositores da história do samba brasileiro ao fazer sucesso com "Trem das Onze", "Saudosa Maloca", "Samba do Arnesto", "Tiro Ao Álvaro" e outros. Com seu linguajar bem específico, soube como poucos ser um cronista de São Paulo ao contar as mazelas e problemas da metrópole que só cresceu desde os tempos de menino.

Mas o documentário não foca apenas na carreira musical de João Rubinato, verdadeiro nome do compositor. Eu mesmo não sabia que ele tinha sido ator de filmes, radionovelas e de novelas, sendo parte integrante de alguns dos sucessos da história da cultura brasileira. E ainda bem que o longa mostra isso, porque é ótimo saber que Barbosa não foi apenas cantor e compositor.

Boêmio de mão cheia, quase sempre aparecia com um copo de uísque na mão e o cigarro na outra para contar suas histórias. Aliás, várias versões de uma mesma história. Em várias entrevistas ao longo da vida, ele deu quatro versões diferentes para a origem de "Samba do Arnesto". E em cada versão algum item importante era suprimido ou aumentado. Tudo isso era pura graça, já que ele não era muito afeito a dar entrevistas. E sempre as versões são melhores do que a verdade, então fiquemos com as versões.

O longa explora um lado mais melancólico do compositor ao expor na tela sua vida triste de alguém com muita dificuldade em chegar ao sucesso em várias áreas. Havia graça em suas histórias e seu jeito brincalhão acabava se sobrepondo ao senhor de idade um pouco ranzinza e com mágoas guardadas, principalmente depois da saída da Record. Ao conseguir fazer isso de forma delicada, diretor e equipe conseguiram jogar luz em um lado pouco conhecido de Adoniram Barbosa.

Bem editado, com ótimas imagens de arquivo e depoentes dispostos falar e mostrar sua memorabilia, o documentário já é um dos melhores desta edição do In-Edit ao resgatar a história do homem que usou o samba para escrever suas crônicas da difícil vida desse imenso monte de concreto chamado São Paulo.


The Man Behind the Microphone (2017)

Direção: Claire Belhassine. Duração: 98 min. Elenco: Adel Jouini, Hamadi Jerad, Afifa Belhassine, Samia Belhassine, Ferid Belhassine, Nanou Belhassine, Faouzia Jerad. Países: Tunísia, Reino Unido e Catar.

Imaginem só: certo dia, você está andando de táxi em Paris, começa a tocar uma música e você pergunta ao taxista se ele conhece o cantor. A resposta simplesmente bate na sua cara como um aviso de que há um passado inteiro suprimido a ser explorado e muitas questões familiares não-resolvidas. Foi nesse dia que Claire Belhassine descobriu que a voz que vinha do rádio era de Hédi Jouini (1909-1990), um dos grandes cantores da história da Tunísia. E avô dela.

Esse tipo de documentário acaba virando uma espécie de jornada pessoal em busca de respostas para questões até então enterradas em um passado muito distante. Didático em explicar a importância de Hédi Jouini para Tunísia e como ele fez parte de um movimento cultural que fundou a música moderna no país, o longa também se presta ao papel de contar origem da família e como ela foi gerada – são seis filhos, incluindo Ferid Belhassine, pai da diretora.

Quando você se presta a contar a história de sua família, há a necessidade de fazer perguntas incômodas a parentes em que a convivência foi cortada há quase duas décadas. E isso gera respostas brutais do nível "seu pai é o culpado" ou "você não sabia do seu avô por morar em Londres, isso é simples". É aquele tipo de história em que não há mocinho ou vilão, mas decisões tomadas que geraram outras decisões – Ferid cortou relações com a mãe, que ele não viu nunca mais, e o irmão mais novo.

As bonitas imagens de arquivo ajudam a diretora a contar uma história com vários tons e como uma decisão no passado pode mudar a vida de uma pessoa para sempre.


Finding Joseph I: The HR From Bad Brains Documentary (2016)

Direção: James Lathos. Duração: 91 min. Elenco: Paul "H.R" Hudson, Mark Andersen, Yana Chupenko, Anthony Countey. Países: Jamaica e Estados Unidos.

Não há dúvida de que H.R, vocalista do Bad Brains, é reverenciado por seus pares e fãs – famosos ou não – ao longo dos últimos 40 anos. Que é referência no punk e em seu estilo de vida ao nunca ter cedido aos prazeres do mainstream ao preferir o conforto de fazer o que quiser. A questão é: ele é maluco ou não?

Dentre esses 40 anos em atividade, pelo menos 25 deles foram de dúvidas por parte de fãs, da imprensa e das bandas que ele saiu e entrou no período ao ser tachado de difícil de lidar em turnês. O documentário serve para colocar luz em vários questionamentos feitos nesse período ao conseguir falar com H.R e vários parceiros de trabalho.

O cantor teve uma carreira nos esportes na adolescência, mas foi na música – precisamente no punk – que ele encontrou uma forma de colocar toda sua energia criativa para fora. Com o irmão e alguns amigos, surgiu o Bad Brains, uma das maiores bandas da história do punk dos Estados Unidos. Mas a coisa começou a mudar quando ele descobriu e se aprofundou na religião rastafári.

Foi nesse momento da vida em que ele começou a passar pelo processo que resultou onde ele está hoje. A edição mostra que a mudança de comportamento aconteceu nesse período, mas, em nenhum momento, aponta o dedo para religião como consequência das mudanças bruscas de comportamento, arroubos de violência e sumiço dos shows, como também mostra o ponto em que ele achava que era um enviado dos céus e tinha o poder da palavra.

O documentário consegue chegar em uma verdade: H.R tem sérios problemas mentais, e isso vinha atrapalhando sua carreira. Foi quando, no Lollapalooza Brasil em 2012, ele chegou no limite e foi procurar ajuda. Ao contar essa história, o diretor James Lathos homenageia um dos grandes nomes do punk enquanto ele ainda está vivo. E foi uma grande homenagem.


Ethiopiques – Revolt of the Soul (2017)

Direção: Maciej Bochniak. Duração: 70 min. Elenco: Francis Falceto, Girma Bèyènè, Mulatu Astatke, Mahmoud Ahmed, Amha Eshèté. País: Polônia.

Dentro de um regime comandado por um imperador linha-dura, o dono de uma loja de discos chamado Amha Eshèté conseguiu fazer história ao lançar alguns dos artistas mais importantes da Etiópia – tudo isso feito com o risco de ser preso e morto por desobedecer às leis locais. Quando o regime caiu e entrou o Derg (sigla para Comitê Coordenador das Forças Armadas, Polícia e Exército em tradução literal) e o socialismo foi imposto, a coisa piorou muito. Resumo: tudo que ele havia feito foi jogado no lixo.

Exilado nos Estados Unidos, Eshèté mal sabia que do outro lado do Atlântico, precisamente em uma cidadela na França, havia uma pessoa procurando por esses cantores, bandas e ele próprio. Francis Falceto virou um obcecado pela música etíope e não descansou até conseguir encontrar quem ainda estava vivo.

O documentário é relativamente curto, então não há espaço para firulas ou longos depoimentos, e ainda conta com animações para colocar o público ainda mais dentro dos acontecimentos. O filme consegue resumir bem a história da Etiópia no século 20 e suas consequências até os dias de hoje. E também é bem objetivo ao mostrar a vida daqueles músicos que marcaram época. Alguns deles foram para os Estados Unidos para fazer uma turnê e nunca mais voltaram ao país de origem. Em terras estrangeiras, descobriram que não era fácil ser músico profissional. Então, o jeito foi ir sobrevivendo com o que dava.

O resultado da união de Falceto e Eshèté foi transformado em algo histórico ao reuni-los novamente para regravarem suas canções. Esse material virou a série de CDs chamada Ethiopiques, hoje com 32 discos e premiada pelo mundo. Mas é a história de Girma Bèyènè é que fará você chorar, acredite.


If I Leave here Tomorrow: A Film About Lynyrd Skynyrd (2018)

Direção: Stephen Kijak. Duração: 95 min. Elenco: Johnny Van Zant, Gary Rossington. País: Estados Unidos.

O Lynyrd Skynyrd é aquele tipo de banda que virou símbolo de um determinado lugar, no caso o sul dos Estados Unidos. Basta olhar no Spotify e ver que "Sweet Home Alabama" tem mais que o dobro de audições de "Free Bird" e quase três vezes mais do que "Simple Man" – essas duas últimas canções do primeiro e melhor álbum do grupo. Tudo isso aconteceu graças ao incrível poder de Ronnie Van Zant para compor letras sobre o pessoal daquela terra.

Em If I Leave here Tomorrow: A Film About Lynyrd Skynyrd, isso é bem explorado, assim como a formação da banda, o trabalho duro para lançar o primeiro disco, as destruições dos quartos de hotéis e como eles estavam encaminhando a carreira para virar uma das maiores bandas dos Estados Unidos até o acidente aéreo que vitimou Van Zant, Steve e Cassie Gaines (guitarrista e vocal de apoio, respectivamente), Dean Kilpatrick (empresário), o piloto Walter McCreary e o copiloto William Gray.

Mas o documentário escorrega em temas importantes. A polêmica com a bandeira dos confederados, considerada racista por simbolizar os estados escravocratas do sul até o fim da Guerra Civil, é tratado de maneira rápida e pode soar não muito didático para quem não conhece o tema, tampouco existe alguém especializado na banda para falar sobre ela – são apenas os membros e ex-membros falando de si mesmos ou elogiando Van Zant. Para completar, a viúva de Ronnie Van Zant só aparece uma vez.

Acaba sendo um longa bem didático para explicar a origem do grupo e o trabalho duro até o sucesso. Com muitas imagens de arquivo e muito tempo para o acidente, ficou faltando mais sobre o presente do grupo, porque a desculpa para retornar dez anos após ter perdido seu líder é daquelas que você finge que acredita só por gostar deles. Em muitos momentos, pareceu uma página da Wikipédia roteirizada por soar algo para não fãs do que com o equilíbrio para contar uma história de forma balanceada.

Uma pena, porque minha expectativa para ver o documentário era bem alta, mas saí com uma sensação que faltou muito para atingir o nível de um longa que a banda possa se orgulhar no futuro.


Phil Mendrix (2015)

Direção: Paulo Abreu. Duração: 70 min. Elenco: Filipe Mendes, João Vieira, Vitor Rua, João Lucas. País: Portugal.

Filipe Mendes se confunde com a história da música pop em Portugal. Participante ativo da história com diversas bandas, ele é um virtuoso da guitarra que só pensa e faz tudo que pode para tocar seu instrumento em shows pelo país. Acabou reverenciado por várias gerações de músicos por ter um estilo bem parecido com o lendário Jimi Hendrix.

Phil Mendrix parecia ser o caminho ideal para Mendes. Sim, aliar seu nome com o do guitarrista mais famoso foi uma boa ideia. Mas o documentário acaba não fazendo jus ao fascinante personagem que ele mostra ser ao longo de pouco mais de uma hora. As imagens não são das melhores, só para começar – os ótimos arquivos são bem melhores.

A melhor coisa ali são as histórias que o guitarrista conta. Por exemplo, quando ele esteve no Brasil, morou no interior de Minas Gerais e quase tocou com Raul Seixas – Raulzito morreu poucos dias após o convite. E ele fala por bastante tempo, enquanto faz muitos exercícios para manter a forma e seguir tocando seu instrumento com a qualidade que lhe é peculiar.

Esse é o tipo de documentário que vale muito mais pelas histórias e imagens de arquivo do que propriamente pelas imagens das entrevistas ou da edição. Uma pena, porque esse personagem tão peculiar e idolatrado pelas massas merecia coisa melhor.


Chavela (2017)

Direção: Catherine Gund e Danesha Kyi. Duração: 90 min. Elenco: Chavela Vargas, Pedro Almodóvar, Elena Benarroch, Miguel Basé. Países: México, Espanha e Estados Unidos.

Chavela Vargas nasceu na Costa Rica, mas virou patrimônio cultural do México ao cantar as tragédias do amor da maneira mais brutal possível. Lésbica e feminista, quebrou tabus quando abandonou as tradicionais vestimentas das cantoras locais e optou por usar um poncho. Isso no início dos anos 1950.

Usando a narrativa simples de contar a história de forma cronológica, Catherine Gund e Danesha Kyi apresentam uma das maiores cantoras de todos os tempos da América Latina a um novo público ao ser didático na medida certa. Em tempos atuais de #MeToo, ela foi uma força da natureza em vida, uma mulher que precisou abrir o caminho para uma brilhante carreira à fórceps. E isso teve diversas consequências ao longo de seus 93 anos, sendo mais de seis décadas de carreira.

O documentário conta com impressionantes imagens de arquivo, entre elas uma entrevista feita com a cantora no início dos anos 1990. Foi nesse momento, ainda lúcida e disposta a falar, que ela apresenta suas melhores falas sobre música e vida amorosa. Aliás, os amores de Chavela ocupam um grande tempo de tela. Sozinha durante grande parte da vida, ela foi pulando de amor em amor para tentar preencher essa solidão – inclusive tendo um caso com a pintora Frida Kahlo.

Como todo bom documentário, há espaço para o contraditório. Chavela não era de fácil convivência e, durante mais de uma década, foi alcoólatra e quase morreu. Foi a ajuda de uma advogada que ela retomou sua vida. E foi com ajuda do renomado diretor espanhol Pedro Almodóvar que o segundo auge aconteceu, gerando mais 20 anos de uma carreira em que passou a ser reverenciada por onde passava.

Sensível na medida certa, Chavela é um documentário incrível que consegue contar uma bonita história sobre uma personagem que renderia uma série de várias temporadas. Chavela Vargas se foi, mas seu legado está aí. Tomara que mais gente descubra sua música daqui em diante.


Maestrina da Favela (2018)

Direção: Falani Afrika. Duração: 82 min. Elenco: Elem Jesus da Silva. Países: Brasil e Estados Unidos.

Capital brasileira com maior incidência demográfica de negros no Brasil, Salvador tem números alarmantes quando o assunto é violência contra os mais pobres. Além disso, há toda uma dificuldade inserida na sociedade de pessoas negras e pobres ascenderem à cargos mais altos. É nesse contexto que Elem Silva é uma espécie de força da natureza ao remar contra todas as possibilidades desde sempre.

A documentarista americana Falani Afrika acompanhou Elem durante uma década e pôde ver de perto o esforço da então menina para criar e manter o grupo de percussão Meninos da Rocinha do Pelo. Líder do grupo desde os 13 anos, ela usou a música como elemento transformador em uma comunidade pobre e toca o projeto sem qualquer ajuda privada ou pública, vivendo basicemente do dinheiro que arrecada semanalmente em apresentações pelas ruas do Pelourinho.

É um documentário muito sensível em não focar apenas nas dificuldades da personagem principal – perda da mãe e um sério problema de saúde estão entre eles –, mas em mostrar toda uma comunidade em que o poder público usa como barganha eleitoral todo ano e nada acontece de bom a eles.

Os depoimentos de sociólogos, músicos e pessoas da convivência de Elem ajudam a amarram bem o perfil de uma pessoa que o Brasil precisa conhecer melhor. Maestrina da Favela, além de ser um documentário muito bom, é necessário.


Meu Tio e o Joelho de Porco (2017)

Direção: Rafael Terpins. Duração: 73 min. Elenco: Tico Terpins, Zé Rodrix, Próspero Albanese, Rafael Terpins. País: Brasil.

O Joelho de Porco foi uma das bandas mais inquietas da história da música brasileira. Entre todas as formações, sempre teve um elemento fundamental: Tico Terpins. Usando de artifícios pouco comuns para contar uma história, Rafael Terpins revirou arquivos, entrevistou parentes e amigos para contar um pouco da história desse ícone – e tio.

O diretor não limitou seu papel apenas a um narrador em off, mas é peça atuante ao longo doas 73 minutos de documentário ao circular de carro conversando com uma animação de seu tio. Acaba sendo um diferencial bem bacana, já que o longa em si é bem padrão para contar a história de Tico Terpins e o Joelho de Porco.

Saídas, brigas, entradas, diferenças criativas... O Joelho de Porco foi uma banda de verdade ao ter que lidar com essas coisas desde sua fundação. E tudo isso é mostrado em ótimas entrevistas e as incríveis imagens de arquivo – desde shows até entrevistas com ex-membros já mortos, como no caso de Zé Rodrix. O diretor contou, no Centro Cultural São Paulo, que muita coisa as emissoras nem sabiam que determinadas estavam por lá, então foi um trabalho quase arqueológico cavar tudo e montar. A lamentar a ausência do depoimento do cantor argentino Billy Bond, um dos vocalistas da banda. Ele também não autorizou o uso de sua imagem, tendo seu rosto borrado.

Além de uma bonita homenagem a Tico Terpins, Meu Tio e o Joelho de Porco é uma maneira de resgatar a história de uma banda inovadora e pai de muitos grupos do mesmo estilo que apareceram nos anos seguintes.


Inaudito (2017)

Direção: Gregorio Gananian. Duração: 88 min. Elenco: Lanny Gordin, Jards Macalé, Negro Léo, Dou Hei Mu. País: Brasil.

Lanny Gordin é um dos grandes guitarristas da história da música brasileira, tendo participado de alguns dos grandes álbuns feitos nos anos 1970. Na edição do ano passado do festival, no documentário Sotaque Elétrico, deu para ter uma ideia do Mundo Maravilhoso de Lanny Gordin. Em Inaudito, temos a chance de um aprofundamento ainda maior no atual processo criativo do guitarrista.

O documentário segue a linha de seu personagem ao partir para uma estética bem experimental. E isso tem seus prós e contras. Ver como Gordin tem o total domínio da guitarra é dessas coisas que não vemos sempre por aí. Como ele mesmo disse, ele acabou virando música, e isso é refletido na atual maneira em que desenvolve as melodias.

Mas é inevitável não ficar cansado com tanto experimentalismo na edição e loucura vindos de Gordin. Os depoimentos dele sobre o processo criativo são únicos, porém a coisa foge um pouco do controle quando ele começa a falar sobre vida em outros mundos e a divagar sobre o "além do além". De intrigante passou a ficar maçante e cansativo.

Por um lado, é ótimo que estejam contando a história dele ainda em vida. Descobrir os discos em que participou e saber da sua importância na carreira de alguns dos mais importantes cantores e cantoras da música brasileira é incrível. Mas ainda não encontraram o tom ideal para contar essa história de maneira a atrair mais gente para conhecer esse personagem único.


Ultraje (2018)

Direção: Marc Dourdin. Duração: 92 min. Elenco: Roger Moreira, Edgard Scandurra, Maurício Defendi, Leospa, André Midani, Pena Schmidt. País: Brasil.

Por conta do atual presente da banda, contratada como parte do elenco fixo do programa The Noite com Danilo Gentili, muita gente não sabe, não lembra ou esqueceu dos tempos áureos do Ultraje a Rigor na música brasileira. Entre 1983 e 1989, eles foram um fenômeno de vendas, principalmente com o disco Nós Vamos Invadir sua Praia (1985).

Até por isso, como um documento histórico mesmo – e só isso –, o diretor acerta ao não inovar em estética ou qualquer coisa do tipo. O formato simples e a narrativa cronológica ajudam a refrescar a memória de quem não viveu os anos 1980 e as entrevistas com ex-membros e imagens de arquivo complementam bem os depoimentos de Roger Rocha Moreira, líder e cara do Ultraje desde sempre.

O longa também mostra a crise que o mercado do rock passou no início dos anos 1990 ao usar a banda como ponto. Quando o sertanejo dominou o mercado, o rock morreu nas rádios, mas, graças ao esforço de Roger, o Ultraje conseguiu um novo auge ainda no fim daquela década – quando eu conheci o grupo e descobri os clássicos.

Mas Ultraje também deixa bem claro que Roger sempre foi exatamente o que ele é hoje nas redes sociais – uma pessoa com opiniões bem firmes, vamos dizer. Aí a questão é sua se você ama ou odeia.


Dona Onete: Flor de Lua (2018)

Direção: Vladmir Cunha. Duração: 71 min. Elenco: Dona Onete. País: Brasil.

Dona Onete é dessas pessoas que conseguiu ter uma segunda vida sem ter finalizado uma. Após sofrer por anos na mão de um marido típico dos anos 1950, em que ela era proibida de se maquiar e usar calça jeans, ela conseguiu o divórcio e se libertou. A partir disso, começou a viver a vida que sempre desejou para si.

E nessa vida estava a música. Professora de história no que hoje é chamado de Ensino Fundamental por 25 anos, cantar era uma coisa natural na vida de Dona Onete. Descoberta há pouco mais de cinco anos, ela virou um fenômeno da música paraense ao conseguir transformar em música a história de sua vida. Das festas aos amores, passando pela comida e religião locais, suas canções refletem a vida de quem está aproveitando o máximo que pode essa chance.

O diretor Vladmir Cunha optou por um formato em que mistura um show com curtos depoimentos da cantora. É simples e bom o suficiente para conhecermos um pouco da história dessa mulher incrível.


Eu Sou o Rio (2018)

Direção: Anne Santos e Gabraz Sanna. Duração: 79 min. Elenco: Tantão, Black Future, DEDO. País: Brasil.

A Black Future foi uma banda admirada pelos críticos, mas pouco entendida pelo público geral. Claro, que ela conseguiu seus fãs, principalmente graças ao intenso vocalista Tantão. Anos depois do lançamento do primeiro disco, o grupo ensaia uma volta. E Tantão está lá, ainda mais imprevisível.

Ao escolher um formato experimental para mostrar o vocalista a dupla de diretores conseguiu captar exatamente quem é essa pessoa que passa boa parte de sua vida em um universo muito particular. Diferente da mesma abordagem feita com Lanny Gordin em dois documentários diferentes exibidos no festival pouco menos de um ano, não tem como fazer uma abordagem padrão com Tantão. Segui-lo com a câmera e deixá-lo falar, tudo isso mostrado em preto e branco, era a mesmo a melhor forma possível para retratá-lo.

Eu Sou o Rio é um documentário bem difícil para quem não está disposto a encarar o fato de entrar na sala para ver algo completamente diferente. Se você pensa em conhecer alguém que gravou um dos discos mais importantes da música brasileira, pode esquecer. Tudo ali é muito intenso em vários aspectos – tanto para o bem, quanto para o mal. Mas se estiver disposto a encarar o volume dos experimentos musicais e as divagações de Tantão, existe a chance de você querer saber mais sobre ele. E, nesse caso, ouvir Black Future logo que chegar em casa.


Pesado – Que Som é Esse que Vem de Pernambuco (2017)

Direção: Leo Crivellare. Duração: 100 min. Elenco: Willfred Gadêlha, Dark Fate, Cruor, Câmbio Negro HC. País: Brasil.

Fazer um recorte sobre determinada época é sempre trabalhoso, já que juntar os depoimentos e fazer uma edição são trabalhos difíceis. E Pesado – Que Som é Esse que Vem de Pernambuco vem com um tema muito bom: a história do metal e do punk desde os anos 1980 nesse estado brasileiro tão cheio de problemas e com ainda mais dificuldades do que alguns.

Como as pessoas que moravam lá descobriram o heavy metal, o punk e todos os subgêneros que foram criados desde então? É esse ponto em que a história começa. Leo Crivellare dirigiu, mas contou com ajuda de Willfred Gadêlha, autor de um livro sobre o tema. Então, com essa intimidade de frequentador e amigo de algumas dessas pessoas, Gadêlha consegue bons depoimentos de personagens importantes.

E as histórias são ótimas. Como o Sepultura ainda no início foi fazer um show lá, como alguns "gurus" ajudaram a então molecada a ter mais contato com o heavy metal, o funcionamento dos zines, das trocas de material como uma cena inteira foi feita a partir do nada e virou algo saudável até hoje. Há certo tom de saudosismo, porém nada muito exagerado – o que é sempre ótimo. Claro, as brigas entre punks e metaleiros tem seu capítulo aqui.

A "disputa" entre manguebeat e os metaleiros toma quase toda parte final do documentário em que músicos falam por bastante tempo sobre o assunto. Me incomodou um pouco a duração desse tema – um pouco mais curto seria ideal, mas não atrapalha. O saldo geral é bem positivo de uma cena muito viva e histórica.


Arthur Moreira Lima: Um Piano Para Todos (2018)

Direção: Marcelo Mazuras. Duração: 83 min. Elenco: Arthur Moreira Lima. País: Brasil.

Arthur Moreira Lima é um dos pianistas mais importantes da história do Brasil e tocou com alguns dos melhores maestros e fez parte de algumas das melhores filarmônicas do continente europeu. E ele cansou de tudo isso, queria conhecer o Brasil que a TV não mostra todos os dias. Com ajuda de patrocínio, criou o Piano Pela Estrada.

É uma estrutura razoável andando pelo País para tocar em praças públicas. E o pianista, literalmente, foi do Oiapoque-AP até o Chuí-RS com um piano no caminhão e a ideia de mostrar sua música para um público que nunca tinha visto algo parecido na vida. E as pessoas olham com desconfiança e cara de espanto, claro. Mas logo se soltam e aplaudem ao ouvirem a música que deve ser o mais próximo do paraíso que um ser humano deve chegar, independente de seus pecados. Tudo isso em um documentário com imagens muito bonitas e muito simples.

Ao confessar o cansaço de ser estrangeiro e encarar todas as dificuldades impostas pela falta de estrutura – de estradas a locais –, Arthur Moreira Lima mostra como a música é mesmo um elemento transformador da sociedade em qualquer aspecto – seja um pianista erudito, seja a maestrina da favela.


Smetak (2018)

Direção: Simone Dourado, Mateus Dantas e Nicolas Hallet. Duração: 96 min. Elenco: Mateus Dantas, Rogério Duarte, Thomas Gruetzmacher, Guilherme Vaz. País: Brasil.

O suíço-brasileiro Walter Smetak (1913-1984) é um personagem dos mais interessantes da música experimental brasileira. Começando pelo fato de ele não fazer música, mas música microtonal e passou a construir instrumentos que chegassem no som desejado por ele. Uma pena que o documentário Smetak deixa muito – muito mesmo – a desejar para contar essa história.

De cara, é importante saber que é uma tese acadêmica que virou documentário. E é justamente aí que está o problema: realmente parece uma tese acadêmica filmada, não um documentário. Os depoimentos e arquivos ajudam um pouco a entender a figura; o problema está na hora de explicar o que ele fazia, e isso gera muita divagação técnica sobre música, instrumentos e pensamentos filosóficos. Por ser professor, era fundamental entender essa veia de Smetak, mas exageraram muito.

Ainda piora quando o aspecto místico desse som entra em cena. De apenas um documentário com alguns pequenos problemas vira algo completamente tedioso e confuso. Agradeceria muito se alguém tivesse começado a desenhar o que estava sendo dito, porque só gente com um conhecimento muito profundo do trabalho de Smetak deve entender toda cosmologia por trás dos microtons e suas nuances. Sinceramente, não via a hora de acabar.

Difícil e pouco didático, o longa nem é experimental como a música microtonal, nem conta direito quem é esse personagem. Provavelmente, virou um trabalho acadêmico muito bom, mas falhou muito em contar uma história na tela do cinema.


Você Não Sabe Quem Eu Sou (2018)

Direção: Alexandre Petillo, Rodrigo Cardoso e Rogério Correia. Duração: 120 min. Elenco: Nasi, Edgard Scandurra, Selton Mello, Airton Valadão Jr, André Barcinski, Ricardo Gaspa. País: Brasil.

Um resumo do Nasi atual vem de uma frase dita em um evento da comunidade espiritual chamada Odwdwa, frequentada pelo cantor há algum tempo: "ele é o Johnny Cash macumbeiro". Mas havia o Nasi de antes: o impulsivo dependente químico que aproveitou a fama do jeito que quis e quase sofreu interdição da família. Essa e outras histórias são contadas em Você Não Sabe Quem Eu Sou.

E realmente, ninguém sabe quem é Nasi, apelido de Marcos Valadão – nome dito tantas vezes ao longo de várias edições do Rock Gol, torneio organizado pela MTV Brasil. Uma boa sacada do documentário é abrir o jogo e começar logo com a imensa briga que gerou o fim do Ira!. E foi briga da pesada, com processos, polícia e tudo que as páginas policiais adoram publicar e programas de fofoca adoram repercutir.

Ao longo dos quatro anos do processo de filmagem, vemos Nasi em várias fases. Uma ele está mais inchado e cantando mal; outras ele está bem melhor. E a vida de Nasi realmente foi de altos de baixos ao longo de quase 40 anos de carreira. O sucesso do Ira! foi um catalizador de muitas coisas – boas e ruins.

A sacada da edição em deixar muita gente falar primeiro antes de Nasi entrar e dominar a cena foi uma boa escolha, assim como também foi muito bom ver o pessoal falando a real dos pesados acontecimentos. E a opção em dividir por temas, como um livro, deu uma ordem não estabelecida aonde os subtemas são todos interligados de alguma forma, dando uma boa agilidade em perguntas e momentos. Uma pena que o ex-baterista André Jung não quis falar.

O longa, além de um ótimo documento sobre um importante personagem da música brasileira, também foi uma terapia em grupo em que todos ouviram e foram ouvidos. Nasi não pode mudar o passado, porém o futuro é um caminho novo para todo mundo. Fazer as pazes com o irmão e Edgard, e principalmente, consigo mesmo foram as vitórias dele. E nada melhor do que registrar esse momento, culminado no retorno do Ira!.


Moacir III (2017)

Direção: Tomas Lipgot. Duração: 90 min. Elenco: Moacir dos Santos, Sergio Pangaro, Ruy Carlos Alonso, Tomas Lipgot. País: Brasil e Argentina.

Um brasileiro, no início dos anos 1980, aos 35 anos, simplesmente pega um ônibus, chega em Buenos Aires e fica por lá mesmo. Arruma pequenos trabalhos para se sustentar, mas acaba em um Hospital Psiquiátrico por ser considerado louco. A história do cantor e compositor Moacir dos Santos teria acabado de maneira trágica se não fosse o diretor argentino Tomas Lipgot.

Durante as filmagens do documentário Fortalezas, Lipgot conheceu Moacir e sua história de vida. Foi aí que iniciou uma parceria de três filmes – além de Fortalezas, eles rodaram Moacir, história da saída do cantor do hospital. Em Moacir III, com mistura de ficção e realidade, podemos conhecer um pouco mais da história de vida de Moacir e como ele transita entre o real e o lúdico o tempo inteiro.

Não é um personagem simples de lidar, mas Lipgot tem paciência e sabe exatamente o que precisa para convencê-lo a rodar determinadas cenas – como deixá-lo pensar que está no total controle dos acontecimentos. Não é um documentário dos mais simples, mas é bonito o suficiente para queremos saber mais sobre esse quase anônimo brasileiro de sucesso nos vizinhos.


Headbanger Voice – A História da Rock Brigade (2017)

Direção: Wladimyr Cruz e Marcelo Colmenero. Duração: 130 min. Elenco: Toninho Pirani, João Gordo, Andréas Kisser, Ricardo Batalha. País: Brasil.

A revista Rock Brigade fez história ao conseguir mudar a cobertura do heavy metal no Brasil. De gênero alienado às grandes publicações a ter uma casa própria em que reinava absolutamente. Tudo isso feito por gente maluca – em fazer uma revista e pelo metal. Headbanger Voice – A História da Rock Brigade traz a história de uma das publicações mais apaixonantes já feitas no Brasil. Uma pena que o documentário tenha perdido a mão nesse processo.

Iniciada como um fã-clube, a revista cresceu que ganhou edições internacionais, selo próprio e credibilidade entre bandas novas e velhas, nacionais e internacionais. O longa caminha bem ao mostrar como publicação e o metal brasileiro estavam crescendo juntos, um fortalecendo o outro – até demais, diga-se. Mas acaba se perdendo muito em esticar determinadas histórias sem a menor necessidade. A montagem é um problema muito grave e, ao errar nesse aspecto, prejudica o andamento do trabalho.

Um exemplo disso foi o tempo espremido das histórias das lendárias e cômicas cartas do leitor, seção chamada Headbanger Voice. Acabou não ganhando o devido destaque, enquanto três ou quatro pessoas diferentes falavam praticamente as mesmas coisas sobre o mesmo assunto sem a menor necessidade. Não precisava de um documentário com 130 minutos – 30 minutos a menos era o ideal. Outros problemas: qualidade do som e imagem de determinadas gravações. Algumas estavam ótimas, outras eram bem ruins. Em determinado depoimento, o volume estava bem mais alto do que os dos outros entrevistados.

Principal responsável pela revista, Toninho Pirani é idolatrado por bandas e amigos, então parece ser difícil criticá-lo por seus erros – como começar a largar a revista para tocar a carreira do Angra e usar a publicação para promover a então jovem banda.

Contar os 35 anos da Rock Brigade foi uma ótima ideia, mas de execução muito ruim. Cansativo, principalmente na hora final, o longa apresenta defeitos muitos graves. E isso prejudica muito o andamento dessa história que merecia algo melhor.


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