O dia em que Charlie Watts deu um soco em Mick Jagger

Você diria não a esse homem? (Foto: Rolling Stones/Facebook)

Baterista completa 75 anos nesta quinta-feira

Os Rolling Stones eram um bando de garotos no início dos anos 1960, mas Charles Robert Watts já fazia parte da cena de blues e jazz de Londres. Era uma cena muito forte à época e cheia de novos talentos que viria a surgir como os principais nomes da música britânica pelos anos seguintes, como Eric Clapton, Cream, Fleetwood Mac e Led Zeppelin – só para ficar nos exemplos mais famosos.

Watts tocava na Blues Incorporated, a melhor banda e a mais famosa da cena de blues local. Mick Jagger viu nele a peça que faltava para completar os Rolling Stones, mas o baterista foi irredutível por meses. Já com duas filhas pequenas, ele não trocaria a estabilidade de um emprego certo para cair em uma aventura. Convencido por Jagger, acabou sendo entrando no grupo em definitivo no início de 1963. Até por isso, a banda tem duas datas importantes que marcam o início das atividades: a do primeiro ensaio (25 de maio de 1962) e da entrada de Watts (janeiro de 1963).

O baterista nunca abandonou seu estilo jazz, mesmo depois de vários anos com os Rolling Stones. O som de sua bateria e a incrível capacidade de acompanhar os riffs de Keith Richards e dos diversos guitarristas que passaram pela banda mostraram o potencial de Watts. Ele não era um músico comum. Estar em um grupo de blues rock deu a ele a chance de expor todo seu talento e ser reconhecido como um dos grandes no instrumento, apesar de sempre achar um absurdo o número de shows feitos por ano e sempre desejar um retorno às raízes – tocar em uma banda de jazz para um público de 100 pessoas – ao final de cada ano.

Pouco afeito aos holofotes, é o Stone mais discreto de todos. Sem mudar o tom de voz ou envolver-se em polêmicas em quase 60 anos de carreira, limitou-se a fazer seu trabalho, a não querer ser maior ou melhor do que os outros e até funcionou como mediador de brigas. Watts é o membro ideal para qualquer banda, não só pelo talento, mas por ter um temperamento quase de um monge budista.

Mas até Charlie Watts perde a cabeça em certos momentos.

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O ano de 1984 foi extremamente difícil para Watts. Pela primeira vez na vida, ele estava perdendo o controle de si. Usando drogas e bebendo muito, seu casamento estava por um fio, assim como sua paciência. O descontrole chegou ao auge quando ele foi o primeiro a revoltar-se com a postura de Mick Jagger, algo que todos faziam de forma velada.

Todos estavam em Amsterdã, na Holanda, a nova base do grupo. Ao chegar, Jagger convocou uma reunião com os outros três e o staff para falar sobre a turnê. Watts demorou um pouco, e Jagger pega o telefone e faz uma brincadeira que sempre fez ao longo dos anos: "onde está meu baterista?", disse.

Watts bateu e entrou pela porta. Furioso, pegou Jagger pelo colarinho e deu um tremendo soco. "Nunca mais me chame de 'seu' baterista! Você que é meu cantor, porra!", gritou e saiu. Já recomposto, Jagger disse que ele "estava bêbado", mas não esperava o que aconteceria minutos depois. Watts voltou e deu outro soco. "Só para você não esquecer".

Atualmente, os Rolling Stones estão em turnê. E, pelo que se sabe, Watts não perdeu mais o controle. Nem Jagger o chamou de "meu baterista" novamente.



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