Metalmorfose: Spotify e o tabu


João Paulo Borogonove fala sobre como o serviço de streaming mudou sua vida

Por João Paulo Borgonove

Sempre fui muito conservador com música. Desde quando debandei para o heavy metal, tenho ouvido só isso. Já fui daqueles bitolados que acham que é o melhor gênero que existe na face da terra e que todo o resto era uma merda. Bom, eu ainda só ouço metal (tá, não é só metal. Gosto bastante de Skylab e Falcão, mais pela poesia [sério] que pelo resto, além de reconhecer que tem muita coisa boa perdida nos anos 2000) e ainda acho a maioria do resto bem ruim, mas hoje eu sei que só porque eu acho ruim não quer dizer que seja ruim. Se um Safadão da vida está sempre com os shows lotados, ruim ele não é.

Tudo isso é pra dizer que eu era tão chato com música que dificilmente ouvia bandas novas. Escolhi algumas delas através de CDs emprestados e me afundei nelas. Sério, eu decorei cada música que essas determinadas bandas gravaram, baixava bootleg de show e o caralho a quatro. ERA SÓ AQUILO E SEMPRE AQUILO.

Isso durou por muitos e muitos anos, até conhecer o Spotify. Sério, o Spotify é uma das maiores invenções para quem consome música. Quando o descobri, baixei com certa desconfiança e fui logo procurando as bandas que eu já gostava: ESTAVAM TODAS LÁ. Eu já não colecionava mais CDs, então não posso dizer que deixei de comprar por culpa do Spotify. Mas se ainda comprasse, deixaria. Apaixonei.

Mas o Spotify me fez abrir a cabeça. Com ele, permiti-me conhecer bandas novas, principalmente quando resolvi dar uma chance para o glorioso 'Descobertas da Semana', que me apresentou muitas bandas boas, algumas boas demais e uma ou outra que, porra, eu gamei.

Não sei o quão bom esses serviços de streaming musical são vantajosos para as bandas, devem ter estudos que falam sobre isso. Eu, na visão de quem só ouve, acho que tem muitas vantagens e algumas desvantagens, principalmente por desconhecer a política de remuneração sobre os direitos autorais. Prometo pesquisar sobre isso e voltar com uma REPORTAGEM em breve.

Das principais vantagens, claro, é a divulgação do trabalho, principalmente pela possibilidade de se criar e seguir playlists e estações de rádio. Eu, por exemplo, ouço playlists criadas por outras pessoas e o 'Descobertas' enquanto trabalho e, quando uma música me chama a atenção, paro o que estou fazendo e vou descobrir de quem é e, muitas vezes, adiciono à minha playlist pessoal. Ou seja, quem é bom se destaca. Acaba sendo meio que uma BLIND AUDITION do The Voice.

Em contrapartida, como não preciso comprar o álbum, a banda não recebe nada diretamente e, repetindo, não sei o quanto ela recebe pela execução ou se é compatível e comparável ao que ganharia caso tivesse me vendido algo.

Enfim, o Spotify me ajudou a quebrar um tabu que sempre me acompanhou e há algum tempo vinha me incomodando. Não estou fazendo propaganda do aplicativo e nem quero que vocês o usem: usa quem quer. Esse texto é só uma forma de agradecer, mesmo. E escrevê-lo me dá a certeza de que, sim, eu evoluí um pouquinho mais e consegui quebrar esse tabu interno.

  

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