Entre acertos e erros, Rock in Rio lucrará milhões e pouco fará pela música


Todas as atrações do Rock in Rio já foram confirmadas e até anunciaram os horários dos shows, previstos para começarem às 15h30 e ir até perto das 2h do dia seguinte. Há quase um ano, escrevi sobre as primeiras atrações do festival com o título ‘Rock in Rio começa mal’. E começou mesmo, porque apostar em Katy Perry e John Legend era muito para minha cabeça.

Mas a organização foi atrás e deu uma melhorada muito boa no line-up.

Se nos dois primeiros dias há o engodo Queen + Adam Lambert e a repetição do Metallica, espero que com disco novo, tem a boa surpresa do Mötley Crüe em turnê de despedida. Foi uma bela tacada, admito. No primeiro domingo (20), Rod Stewart, Elton John, Seal e Paralamas do Sucesso estarão no palco mundo. Pelo apelo pop deles, foram boas escolhas – só espero que Stewart não venha com o repertório romântico dos últimos anos e foque no último disco solo dele, bem maneiro.

Dia 24 temos System Of A Down e Queens Of The Stone Age para fechar a quinta-feira, além de Lamb of God um pouco mais cedo no Palco Sunset. Sinceramente, dava para fazer um trio de respeito no palco principal com os três em sequência. Mas o apelo de ter no palco Alice Cooper, Ethan Johnson, Johnny Depp e Joe Perry, do Hollywood Vampires, acaba com qualquer pretensão musical. O dia seguinte é o melhor de todos porque já vale só de ter o Faith No More – e tem muita coisa boa ao longo do dia inteiro, sendo o único que vale ver tudo do início ao fim, tirando o Nightwish.

Para finalizar a edição dos 30 anos, os dois últimos dias estão lotados de atrações pop sem sal, muitos brasileiros e o A-ha, que retorna da aposentadoria para fazer uma turnê com datas fechadas até abril de 2016 – para quem não iria voltar mais, nada como arrecadar um dinheiro de fãs desesperados pela oportunidade de revê-los pela última vez até o próximo retorno em quatro ou cinco anos.

O Rock in Rio não se especializou em música, se especializou em ganhar dinheiro. Isso não é crime, mas é sempre bom bater na tecla de que um festival desse tamanho poderia aglutinar vários tipos de gêneros em seus palcos ao longo de sete dias de evento. Mas não tem muito jeito, porque esse modus operandi não mudará enquanto houver gente querendo ir para participar da tal “experiência” que envolve muitas coisas, menos o que importa: a música.