Resenha: Willie Nelson – Band of Brothers


É muito difícil ver alguém aos 81 anos na ativa, mas quando isso acontece, não é difícil admirar a capacidade mental e física dele ou dela. Por isso, quando Willie Nelson lança um novo trabalho é sempre algo maravilhoso saber que ele ainda tem disposição para compor e gravar canções que tocam os corações das pessoas.

O delicioso country-folk "Bring It On" abre de maneira brilhante Band of Brothers, o 68º disco de estúdio de Willie Nelson. A letra, como é bem comum em sua discografia, é muito bonita e o uso da gaita cria um clima de melancolia que só os grandes poetas conseguem criar em suas obras. O clima é mantido na ótima "Guitar in the Corner", que também sabe usar muito bem o pouco que tem à disposição.

Completando a primeira leva de canções da parceria entre Nelson e Buddy Cannon, “The Wall” usa uma metáfora para falar sobre a vida – impossível não se identificar ao ouvir a faixa inteira. Primeira de cinco canções que não tem a participação do cantor na composição, "Whenever You Come Around" soa como algo dos anos 1940, mas com uma edição melhor. Lindíssima.

O sotaque do sul dos Estados Unidos dá o tom de "Wives and Girlfriends", bem mais animada dos que as anteriores e serve até mesmo para rir um pouco da letra, enquanto a poesia retorna em "I Thought I Left You" – desta vez em algo mais romântico e, ao mesmo tempo, melancólico. Não muito diferente das anteriores, "Send Me a Picture" usa os mesmos artificios, porém não deixa de ter sua beleza.

Feita para dançar, "Used to Her" soa como música de Western saloon, principalmente pelo apoio do piano no início. A participação de Jamey Johnson em "The Git Go abrilhanta ainda mais a canção pelo simples fato de ela ganhar certo toque de modernidade sem perder a ternura, bem diferente da faixa-título. “Band of Brothers”, muito mais que as anteriores, carrega o peso de parecer pessoal e uma homenagem aos velhos amigos de estrada.

"Hard to Be an Outlaw" carrega bastante do folk em sua melodia, deixando a canção com cara de velha guarda. O clima de festa domina completamente em "Crazy Like Me", sendo impossível não se animar um pouco. Por fim, "The Songwriters" e "I've Got a Lot of Traveling to Do" são o perfeito retrato do album – uma mais melódica e outra mais animada para encerrar.

Willie Nelson, obrigado por seguir fazendo o que você gosta. Aos 81, imagino que as dificuldades para fazer certas coisas só aumentam, mas sua música ainda toca corações. Fica o pedido: não pare nunca, seu legado já é incrível, mas vê-lo no palco e no estúdio é ainda mais gratificante.

Tracklist:

1 - "Bring It On"
2 - "Guitar in the Corner"
3 - "The Wall"
4 - "Whenever You Come Around"
5 - "Wives and Girlfriends"
6 - "I Thought I Left You"
7 - "Send Me a Picture"
8 - "Used to Her"
9 - "The Git Go"
10 - "Band of Brothers"
11 - "Hard to Be an Outlaw"
12 - "Crazy Like Me"
13 - "The Songwriters"
14 - "I've Got a Lot of Traveling to Do"

Nota: 4/5



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