Resenha: Swans – To Be Kind


Desde 1983 que o Swans está aí, fazendo música. Nos últimos quatro anos, o grupo liderado por Michael Gira vem fazendo trabalhos espetaculares – como o ótimo disco duplo The Seer, de 2012, que entrou na lista de melhores do ano deste blog. Novamente com um álbum duplo na praça, e fazendo ainda mais barulho, o Swans quer mostrar que psicodelia e experimentalismo ainda são necessários.

Disco 1

"Screen Shot" começa sombria e com uma tocada filme de terror psicodélico dos anos 1960, e é incrível como todos os instrumentos e recursos usados para fazer a faixa casam muito bem entre si – uma espécie de rock industrial com LSD de quase nove minutos de duração. E a piração continua em "Just a Little Boy (for Chester Burnett)", com seus 12 minutos e 40 segundos, parece um sonho, ou pesadelo, enquanto você dorme em uma casa fria durante uma noite chuvosa. E mesmo com a longa duração das canções, é estreitamente recomendável não pular ou adiantar.

Em "A Little God in My Hands", temos a primeira canção que Michael Gira canta, ou declama ao melhor estilo Lou Reed, enquanto a melodia ao fundo é convidativa a pensar que estamos no auge da música experimental nos anos 1960. Com quase 35 minutos, a dobradinha "Bring the Sun" / "Toussaint L'Ouverture" é praticamente uma jam session colocada no álbum. Espetacular, assim como a sombria "Some Things We Do", outra aula de como fazer música experimental.

Disco 2

Abrindo a segunda parte, "She Loves Us" parece uma espécie de ritual psicodélico com Nine Inch Nails de 20 anos atrás em seus mais de 17 minutos, então, depois de um silêncio quase sepulcral, vem "Kirsten Supine". Começando bem lentamente, a canção ganha camadas ao fundo e parece uma peça feita para ser apresentada em algum teatro – aliás, que bela ideia transformar esse álbum em uma peça dramática com toques de terror.

Já "Oxygen" parece que foi feita no melhor estilo: “vamos ligar o equipamento, gritar algumas coisas e deixar rolar”. Como isso pode ser tão bom e divertido? São coisas que só o Swans pode fazer por você em um mundo aonde 90% das músicas tem mais produção do que qualquer filme feito em Hollywood. No mesmo estilo, "Nathalie Neal" exagera na bateria e nos overdubs, mas isso não é ruim. A faixa-título começa lenta até que explode e segue assim até o final, encerrando o trabalho de forma magistral.

Se você tem duas horas sobrando para apenas ouvir To Be Kind, faça isso. Você estará fazendo um favor aos seus ouvidos por separar um pouco de seu tempo para essa obra-prima da música. É muito raro quando alguém acerta tão bem, por isso os elogios a mais um trabalho de Gira e sua turma são mais do que sinceros, são uma obrigação. Que disco.

Tracklist:

Disco 1

1 - "Screen Shot"
2 - "Just a Little Boy (for Chester Burnett)"  
3 - "A Little God in My Hands"
4 - "Bring the Sun" / "Toussaint L'Ouverture"  
5 - "Some Things We Do"

Disco 2

6 - "She Loves Us"
7 - "Kirsten Supine"
8 - "Oxygen"
9 - "Nathalie Neal"
10 - "To Be Kind"

Nota: 5/5



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