A 39ª edição da seção fala do segundo maior sucesso comercial do AC/DC, o álbum Highway to Hell. Feito e lançado em 1979, ele seria o último trabalho do vocalista Bon Scott, morto no início do ano seguinte.
História do disco
A história de um dos discos mais importantes do hard rock começa em 1976, quando o AC/DC, formado por Bon Scott, os irmãos Malcolm e Angus Young, Phil Rudd e Cliff Williams, assinou contrato com a gravadora Atlantic – exatamente a mesma que anos antes escolheu o Led Zeppelin e não se arrependeu ao vê-los como maior banda dos anos 1970.
Pois bem, depois de fazer sucesso na Austrália, terra natal dos integrantes, veio o reconhecimento internacional e o contrato com uma grande gravadora, então o próximo trabalho teria que superar Powerage, que dividiu a crítica à época. Pela primeira vez sem contar com os produtores Harry Vanda e George Young, a gravação começou em Sydney com Eddie Kramer contratado para ajudar a banda, mas ele foi demitido sem ter a chance de mixar qualquer coisa. Até hoje não há uma explicação concreta sobre a saída dele.
Robert John "Mutt" Lange foi chamado para ocupar o cargo e logo viu que o material que tinha em mãos era absurdamente bom. Gravado nos Estados Unidos e em Londres, não era muito diferente se comparado aos anteriores, mas havia mais canções com potencial para ser single e fazer sucesso nas rádios, algo que ainda não havia acontecido com os australianos.
O álbum marcou a história do grupo por vários motivos. O primeiro deles é que logo que foi lançado, Highway to Hell chegou aos 17º lugar nas paradas americanas, feito inédito, e isso o colocou entre os bons lançamentos de 1979. O segundo e mais importante motivo é que foi o último disco gravado com Bon Scott nos vocais.
No início dos trabalhos do que seria Back in Black, Scott acabou morrendo meses antes do lançamento. Após uma noite de bebedeira, ele, alcoólatra, desmaiou e acabou sufocado pelo próprio vômito. Encontrado por um amigo, foi levado ao hospital, mas foi declarado morto poucas horas depois. Sua vaga foi ocupada por Brian Johnson, ex-Geordie, que segue no AC/DC até hoje.
Resenha de Highway to Hell
A canção que abre o sexto disco de estúdio do AC/DC ficou famosa pelo riff de abertura, que toma conta de toda faixa até a virada para o refrão explosivo, uma das características deles. Ela conta a história da difícil vida na estrada na visão de Bon Scott, que levou boa parte da letra ao estúdio. Saindo um pouco do hard rock, "Girls Got Rhythm" é um blues rock de alta qualidade e tudo na canção funciona, e o solo de Angus Young é absurdo.
Quem ouviu qualquer outro trabalho desses australianos, sabe que "Walk All Over You" não tem muita coisa especial nela, mas ela casou muito bem com todo resto do lado A do vinil. A qualidade vocal de Scott se sobressai em "Touch Too Much", quando sua voz rouca domina completamente a faixa. Um absurdo de tão bom.
Em particular nessas primeiras canções, Young, o guitarrista, abusou dos solos, dos riffs e do alto volume, e não foi de graça que ele é colocado em várias listas de melhores guitarristas. Ele conseguiu reinventar a roda em uma época que o rock começava a entrar em declínio, já que as bandas e cantores do início dos anos 1970 não estavam chegando ao grande público como antes. Encerrando a primeira parte, "Beating Around the Bush" traz uma banda rápida e rasteira.
O riff inicial de "Shot Down in Flames" também é bastante conhecido, além da letra com ar bluseiro (Said hey baby, you're driving me crazy/ Laying out on the line/ When a guy with a chip on his shoulder said/ "Toss off buddy she's mine” é um dos versos). Já “Get It Hot” é uma balada aos moldes da banda, ou seja, é cheia de guitarras altas e bateria forte.
Em "If You Want Blood (You've Got It)" temos um grande exemplo de como a guitarra é usada para fazer a ponte entre os versos, outra marca do AC/DC. Cheia de groove, graças ao baixo de Cliff Williams, “Love Hungry Man” é umas das muitas faixas que mereciam ser tocadas mais ao vivo por ser espetacular. Encerrando, “Night Prowler” é a que mais se aproxima do blues de raiz, tanto pela letra quanto pelos solos guitarra e pelos vocais de apoio.
Highway to Hell foi um grande salto na carreira do AC/DC. De banda australiana ao sucesso mundial, eles levaram quase uma década para chegar aos Estados Unidos, a Meca musical do mundo, mas o esforço valeu a pena e eles foram recompensados com shows lotados e prêmios por vendagem. Uma pena que o destino tenha sido tão cruel ao tirar a vida de Bon Scott, mas eles não tinham ideia de que o topo ainda estava por vir.
Veja também:
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Discos para história: Dookie, do Green Day (1994)
Discos para história: The Jimi Hendrix Experience - Are You Experienced (1967)
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