Discos para história: Definitely Maybe, do Oasis (1994)


A 27ª edição do Discos para história fala do debut do Oasis em estúdio. Definitely Maybe abriu o caminho para a banda se tornar uma das maiores da história da música mundial.

História do disco

A primeira formação do Oasis ainda não contava com Noel Gallagher como guitarrista, muito menos com o nome que levaria os membros do grupo ao sucesso. Inicialmente, eles começaram com Chris Hutton, Paul Arthurs, Paul McGuigan e Tony McCarroll, e com o nome de The Rain. Durante os primeiros dias, insatisfeitos com Hutton como vocalista, eles o demitiram e chamaram Liam Gallagher para substituí-lo, e foi ele quem sugeriu a mudança de nome.

Nesse época, Noel era roadie e trabalhou no primeiro show do Oasis, em 1991. Liam não achava as composições muito boas e, sabendo do trabalho do irmão em algumas canções, insistiu muito para que o irmão mais velho entrasse no grupo. O Gallagher mais velho entrou vislumbrando a chance de fazer sucesso como guitarrista e compositor – o que acabou acontecendo.


Após 12 meses fazendo apresentações por quase todo circuito obrigatório de uma banda nos anos 1990 e lançar uma fita-demo, eles acabaram contratados por Alan McGee, coproprietário da gravadora Creation. Entre o final de 1993 e o início de 1994, eles entraram em estúdio para gravar o que viria a ser Definitely Maybe, o disco de estreia, no Valley Studio.

Com Dave Batchelor na produção, o trabalho não andou muito bem. Enquanto a banda queria algo mais próximo do que fazia nos shows – um som mais sujo –, Batchelor insistia em algo mais limpo e “sem graça”, segundo Noel. Dias depois, o produtor acabou sendo demitido e o grupo tentou reaproveitar, em vão, o material usado naqueles dias. Para tentar melhorar o ambiente, uma turnê na Holanda foi marcada. Esgotados fisicamente, eles precisaram retornar ao estúdio para regravar o material, que ficaria com Noel Gallagher e Mark Coyle na produção.

A ideia era não gravar cada instrumento separado, mas colocar todos em uma mesma sala e mexer no som depois. Mas as tentativas acabaram não soando muito boas, deixando todos apavorados e com medo de não cumprir o prazo estipulado pela gravadora. Na fase do desespero, pois não tinham mais como regravar, eles chamaram o engenheiro de som Owen Morris para tentar dar um tapa final nas gravações. Uma das primeiras atitudes de Morris foi retirar os overdubs feitos anteriormente e remixar o álbum pela segunda vez. E deu tudo certo.

"Supersonic" e "Shakermaker" foram os primeiros dois singles, mas foi "Live Forever" o primeiro a chegar ao top-10. Com pouco orçamento e dívidas altas, o empresário do Oasis fez uma estratégia diferente: ao invés de procurar revistas especializadas para promover o disco, ele anunciou Definitely Maybe em revistas de futebol, de moda e em uma publicação de música eletrônica, que deu 5/5 para o trabalho. Foi aí que a banda explodiu no Reino Unido. Lançado no dia 29 de agosto de 1994, o álbum estreou no número um das paradas, superando The Three Tenors in Concert, grande favorito. Ele foi aclamado por público e crítica, e foi o primeiro grande sucesso no pós-grunge. O primeiro LP do Oasis é considerado um dos melhores dos anos 1990.



 Resenha de Definitely Maybe

O disco começa com uma das canções mais icônicas do Oasis: "Rock 'n' Roll Star". A voz distorcida de Liam e as guitarras dão o tom do início avassalador. A faixa também representa um pouco o sonho de Noel em ser um músico famoso e rico, o que ele conseguiu alguns anos depois. Aqui mostra que a terceira mixagem deu uma cara completamente diferente, dando algo novo na chamada segunda fase do britpop.

Segundo single, "Shakermaker" foi a primeira música deles a aparecer na TV, precisamente no famoso Top of the Pops – programa de grande audiência na Inglaterra entre 1964 e 2006. A guitarra é o principal destaque de uma letra que homenageia um brinquedo dos anos 1970 de mesmo nome.



Outra que também está na história da banda de Manchester, “Live Forever”  foi inspirada em “Shine a Light”, dos Rolling Stones. O refrão Maybe I just want to fly/ I want to live, I don't want to die/ Maybe I just want to breathe/ Maybe I just don't believe/ Maybe you're the same as me/ We see things they'll never see/ You and I are gonna live forever já foi cantando a plenos pulmões milhares de vezes por fãs ensandecidos pelo mundo. A letra de Noel, então um rapaz de 24 anos quando a escreveu, é primorosa.

"Up in the Sky", assim como a maior das músicas do Oasis, aposta em um refrão bem cantável e uma melodia fácil de acompanhar. Única canção que apela um pouco para algo mais pop, “Columbia” tem bons momentos, principalmente na ponte entre os versos. Depois vem outro clássico: “Supersonic”. Escolhida para ser primeiro single nos Estados Unidos, ela chegou na 11ª colocação nas paradas. O diferencial dela está no solo de guitarra, brilhante para falar o mínimo.

Mais agitada do que as outras, “Bring It on Down” tem muito da história do rock inglês embutido nela, pois tem a força do heavy metal e a velocidade do punk. Digamos é o mais perto do grunge que o britpop conseguiu chegar. Quarto single do disco, "Cigarettes & Alcohol" totalizou, entre 1994 e 1997, 75 semanas entre as dez mais tocadas na Inglaterra. A canção fala um pouco da condição social dos jovens britânicos no início dos anos 1990, panorama pouco falado à época.



A curta “Digsy's Dinner” também parece ter um pouco da influência da música inglesa dos anos 1960 e 1970, e um pouco de Beatles – grupo idolatrado pelos irmãos Gallagher. Penúltima faixa, “Slide Away” é sobre o conturbado relacionamento de Noel com sua então namorada. Nada como uma releitura de um tema batido, mas que ainda rende boas letras. "Married With Children" encerra de maneira acústica um dos grandes álbuns do final do século 20, sem dúvida.

O Oasis gera amor e ódio entre as pessoas, pois suas canções e atitudes controversas foram o último suspiro do rock rebelde dos anos 1990. Separados desde 2009, os irmão Gallagher precisam admitir: eles fizeram um trabalho incrível juntos. Mesmo que hoje eles não troquem uma palavra com o outro, os dois entraram para a história do rock inglês por estarem em uma das grandes bandas dos últimos 50 anos.



Veja também: Discos para história: Their Satanic Majesties Request, dos Rolling Stones (1967)
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