Discos para história: Pronounced 'lĕh-'nérd 'skin-'nérd, do Lynyrd Skynyrd (1973)


A 18ª edição do Discos para história fala do primeiro álbum de estúdio do Lynyrd Skynyrd, chamado Pronounced 'lĕh-'nérd 'skin-'nérd, trabalho que colocaria a banda como inventora do southern rock.

História do disco

O pré-Lynyrd Skynyrd começa com Ronnie Van Zant, Allen Collins e Gary Rossington em meados dos anos 1960. Entre três mudanças de nome nos seis primeiros anos de atividade, eles decidiram homenagear um antigo professor chamado Leonard Skinnerd ao chamar a banda assim. Como não poderiam usar o nome, optaram por colocar a letra ‘Y’ e fazer uma espécie de jogo de palavras, e também para não denunciar a homenagem.

Como em quase todo início de banda, muitos músicos entram e saem, e a estabilidade foi um problema nos primeiros anos. Mas a formação que viria a gravar o primeiro registro contaria com Leon Wilkeson, Billy Powell, Ronnie Van Zant, Gary Rossington, Bob Burns e Allen Collins – membros presentes na capa de Pronounced 'lĕh-'nérd 'skin-'nérd, Enquanto trabalhavam duro fazendo shows pelo sul dos Estados Unidos, conseguiram um estúdio e gravaram algumas coisas na linha do country, blues e rock, mas o sucesso ainda demoraria alguns anos para bater à porta.


Com cinco anos de carreira e muito reconhecido no underground da região de origem, a banda foi descoberta pelo empresário, músico e compositor Al Kooper durante um show. Ligado à Sounds of the South, gravadora menor da MCA, ele era a grande chance de seis caras colocarem em um disco todo trabalho feito durante os shows.

Durante as gravações de Pronounced 'lĕh-'nérd 'skin-'nérd, Wilkeson chegou a deixar a banda após gravar apenas duas canções. Para preencher a vaga, o baixista e guitarrista Ed King foi chamado para completar o line-up. Logo depois do trabalho de finalização e pós-produção, Van Zant convidou o amigo para voltar à banda – tempo suficiente para tê-lo na foto da capa e ter um registro histórico dos sete membros oficiais do Lynyrd Skynyrd.

Lançado em 13 de agosto de 1973, o primeiro disco foi bem recebido pela crítica e pelo público, que colocou “Free Bird”, single de estreia, na 19ª colocação do top-100 da Billboard. O grande barato desse álbum é que, sem querer, havia três guitarras em algumas canções, já que todas as gravações foram aproveitadas. Ou seja, eles trouxeram um tipo de coisa não muito comum: três guitarristas em uma banda de country-blues, e isso foi o suficiente para fazer a cabeça de muitas pessoas – inclusive do Who, que não poupou esforços para ter os sete como grupo de abertura da turnê de Quadrophenia.

Pouco menos de um ano e meio depois, esse álbum ganharia Disco de Ouro. Condecoração aumentada em 1987, com a confirmação do selo Platina a mais alta premiação para vendas de discos nos Estados Unidos.

A foto da capa conta com os sete membros da banda, e foi tirada na Main Street, em Jonesboro, na Georgia. Leon Wilkeson, Billy Powell, Ronnie Van Zant e Gary Rossington estão sentados, e Bob Burns, Allen Collins e Ed King estão em pé.




 Resenha de Pronounced Leh-Nerd Skin-Nerd

“I Ain't the One” abre o primeiro LP do Lynyrd Skynyrd despejando confiança de seis (sete) caras em busca de um objetivo. Desde a levada da bateria até as guitarras, pianos e todo resto, parece tudo milimetricamente ensaiado e treinado até dar certo. Mas também há espaço para improvisos, como o solo antes da parte final. Depois vem a bela balada póetica “Tuesday’s Gone”, lado B do primeiro single e uma mistura de blues e folk de emocionar qualquer um com coração– escutem “Full Circle”, do Aerosmith, e prestem bem atenção nas duas músicas. De nada.

A terceira faixa, chamada “Gimme Three Steps”, é baseada em uma experiência pessoal de Ronnie Van Zant em um bar em Jacksonville, na Flórida. É bem country-rock e fala sobre o dia em que o autor quase morreu em um bar após envolver-se com a mulher de um desconhecido.



Em “Simple Man” temos a velha história do garoto do interior que deixa a casa da mãe e sai pelo mundo em busca de seus sonhos. É uma canção simples, no esquema verso-refrão, mas ganha força justamente quando a guitarra solta um riff bem no momento em que a matriarca dá seu melhor conselho (And be a simple kind of man/ Be something you love and understand/ Baby, be a simple kind of man/ Won't you do this for me, son?/ If you can?). Belo encerramento do lado A.

Usando o melhor do blues, o Lynyrd Skynyrd abre o lado B com “Things Goin 'On”, música de protesto contra problemas sociais e políticos do sul dos Estados Unidos, e ela tem uma levada bem suave. Já “Mississippi Kid” é blues Robert Johnson, blues dos anos 1940 e 1950, blues bem de raiz mesmo – tanto na levada dos instrumentos, quanto na voz mais falada que cantada.



Única composição do disco com a assinatura de Ed King, “Poison Whiskey” é mais rock anos 1950/1960 se comparada com as outras. O teclado lembra Jerry Lee Lewis em seus melhores momentos, enquanto a harmonia dá vontade de dançar. Finalizando temos o primeiro sucesso da banda: “Free Bird”. O teclado de Billy Powell começa dando o tom, mas a guitarra slide de Gary Rossington já vale a música inteira, que contém uma letra linda e uma narrativa cheia de metáforas sobre a vida. Na metade final, a música vira uma improvisação do mais alto nível com todos os músicos, encerrando com chave de ouro.

O Lynyrd Skynyrd é considerado por muitos como o inventor do southern rock, um tipo de música muito específica da região sulista dos Estados Unidos, e isso é a mistura de country, blues, folk e hard rock. O som é delicado e agitado ao mesmo tempo, colocando para dançar e pensar sobre a vida. Eles falam sobre temas pessoais e cotidianos que qualquer pessoa daquela época entenderia, sendo impossível não identificar-se com os temas. Sete pessoas no palco, sendo três guitarristas, não tinha como dar errado. E não deu.


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