Discos para história: Madonna (The First Album), de Madonna (1983)

A 11ª edição do Discos para história aborda outro marco da música pop que, assim como Thriller, de Michael Jackson, também completa 30 anos em 2013. O primeiro álbum de Madonna colocou a então promissora dançarina como principal nome feminino dos anos 1980.

História do disco

Madonna nasceu em Michigan e gostava muito de dançar e cantar, e tentava uma carreira no meio, e em 1982, foi morar em Nova York com o namorado para tentar a sorte. Para tentar algo melhor, o grupo de Breakfast Club mudou a linha musical e partiu para o funk, o que não agradou a então baterista e o namorado, Steve Bray. Eles abandonaram a banda logo que possível.

Esse foi o grande passo para que Madonna começasse a escrever suas próprias canções. Ainda buscando o sucesso, ela foi a uma boate e convenceu o DJ a tocar uma de suas gravações, chamada “Everybody”. A música foi muito bem recebida, mas nenhuma grande gravadora se interessou em ter a moça em sua cartela de artistas. A única interessada, de fato, foi a Sire Records, e ela logo assinou o acordo por um dinheiro razoável – US$ 5 mil de adiantamento mais US$ 10 mil por canção gravada.

Ao ouvir “Everybody” pela primeira vez, o presidente da Sire gostou muito do que viu e logo teve a ideia de lançá-la como single. Pronto, nascia uma estrela. Ou quase.


Com um single na praça, e indo bem, era necessário gravar um disco para manter o interesse na cantora. Mas existia um problema: Madonna não tinha muito material para fazer um trabalho maior. “Ain't No Big Deal”, “Think of Me”, “I Know It” e “Burning Up” eram as únicas canções, sendo que a primeira foi reformada e ganhou o nome de “Lucky Star” durante as sessões.

Escolhido pela cantora, o produtor Reggie Lucas foi fundamental na concepção do álbum e na gravação. E sua colaboração foi mais além ao levar a cantora “Physical Attraction” e “Borderline”, o último um dos maiores sucessos da carreira da também dançarina e diretora. Mas ele deixou o projeto ainda em andamento por desavenças com a cantora – por isso, algumas faixas foram refeitas. Ela fez uma viagem a Londres durante as gravações e deixou tudo nas mãos dos produtores, o que, anos depois, a cantora mostrou arrependimento pela escolha, pois não gostou do resultado final.

Lançado em julho de 1983, o álbum não foi tão bem recebido como o imaginado, e ele entrou no top-200 na posição número 190.

O que também ajudou a cantora foi a criação da MTV nos Estados Unidos. A emissora tinha proposta de apenas passar clipes 24 horas por dia todos os dias da semana, e os executivos e diretores imploravam por vídeos – qualquer vídeo servia para preencher a programação. Muitas pessoas se aproveitaram disso para fazer clipes, e isso ajudou a disseminar a primeira geração de artistas pop pelo mundo, já que o público esperava ver nos shows as mesmas coreografias executadas nos vídeos, colaborando para shows lotados e megaturnês pelo mundo – dando a eles o status de estrelas e astros que poucos, talvez só os atores de Hollywood, tinham.

Madonna demorou a embalar nas paradas, sendo que apenas “Holiday”, o terceiro single do disco, conseguiu entrar no top-20 na primeira semana. Ela só foi explodir mesmo quando “Bordeline” foi lançado, e ele chegou ao top-10, sendo o primeiro grande feito da cantora. O que também chamou a atenção foi o clipe da canção.

A capa é sem segredos, e a foto da capa ficou por conta de Gary Heery, que fotografou o rosto da cantora várias vezes até chegar ao resultado escolhido.


Resenha de Madonna

“Lucky Star” abre o LP com uma gigantesca referência da disco music, ritmo que embalou muitos corações e pernas nos anos 1970. Madonna não gostou do resultado final da canção, então ela chamou Jellybean Benitez para remixar a primeira faixa, acrescentar mais guitarras e ganhar uma cara simples, porém fatal ao vivo.

A segunda canção é “Bordeline”, e ela começa com uma bonita linha de piano. Sentimental e com uma cara de Elton John, a música colocou a promissora cantora entre os grandes nomes daquele ano. Além de uma bonita e complexa letra, a coreografia do clipe também chamou a atenção. Assim como “Lucky Star”, a segunda faixa também foi remixada a pedido da insatisfeita cantora. “Bordeline” atravessou fronteiras e virou um dos grandes sucessos até os dias atuais.

Com muito baixo, uso excessivo de sintetizadores e da bateria, “Burning Up” foi o segundo single de Madonna. Aqui, a guitarra foi usada como ponte entre as partes, algo que não aconteceu no decorrer do LP. A terceira canção é mais agitada do que as outras e flerta mais com o rock estilo Phil Collins do que com qualquer coisa. A música seguinte é “I Know It” também é nesse estilo, acrescentando saxofone e frases mais encaixadas nos sintetizadores.

http://youtu.be/X2MDlGPaeeQ

Segundo single, “Holiday” gruda como chiclete no seu cérebro. A guitarra bem groove e elementos que lembram muito o Chic e grupos da disco acabaram classificando a canção como R&B, o que não era – nem de longe. É bem simples e tem um bom gingado. Em “Think of Me”, a produção usou alguns samplers e contou com a ajuda do LinnDrum, um aparelho em que era possível fazer todo tipo de fusão de partes de músicas. Um sax foi acrescentado na metade, deixando a canção ainda mais melosa – e ainda mais com outro solo de saxofone perto do encerramento. É, de longe, a pior do disco.

Bem sexual, “Physical Attraction” foi composta por Reggie Lucas, produtor que saiu do projeto sem finalizar o trabalho da maneira como Madonna desejava, e isso gerou a remixagem de várias músicas. É, basicamente, a mesma fórmula das outras: um refrão grudento e forte, uso de sintetizadores e uma voz sedutora. Da primeira leva de canções, “Everybody” foi escolhida para o encerramento. Começa com a cantora falando de forma bem sensual e insuportavelmente pop.

Madonna chamou a atenção do mundo. Não só por ter total e absoluto controle de sua carreira, mas pela ousadia nas letras e nos vídeos, coisa que não era vista naqueles tempos. Ela usou tudo que podia: sensualidade, melodias pop e o conceito de mulher independente para fazer sucesso. E fez. Não é à toa que é uma das artistas mais aclamadas da música mundial, fazendo turnês milionárias pelo mundo. Mas se o primeiro disco foi um martírio para estourar nas paradas, o seguinte é um dos maiores sucessos comerciais de todos os tempos: Like a Virgin.

http://youtu.be/rSaC-YbSDpo

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