Resenha: Miles Kane - Don't Forget Who You Are


Se tem um compositor que sempre recomendo e indico é Miles Kane. Ao lado de Alex Turner, do Arctic Monkeys, ele vem sendo apontado com um dos novos nomes na cena inglesa, e os dois sempre colaboram um com o outro em canções na banda principal de Turner, no The Last Shadow Puppets, projeto paralelo da dupla, ou na carreira solo de Kane – iniciada em 2011, com Colour of the Trap.

Neste ano, Miles dispensou o companheiro de outros carnavais e contou com outras colaborações para construir Don’t Forget Who You Are, seu segundo trabalho de estúdio em dois anos. E ele já mostra que está mais solto logo na primeira canção, chamada “Taking Over”, ela é diferente do atual Britpop, com uma virada e um riff de guitarra interessantíssimo.

Já a canção título do trabalho é um convite a dançar no melhor estilo inglês – ou seja, não precisa ir até o chão, o que é um alívio. A canção cresce no refrão, quando a voz de Kane duplica, dando um efeito engrandecedor. Também aqui vemos um riff de guitarra dominar a parte final da canção, mostrando que o compositor está expandindo seus horizontes no uso do instrumento. Um excelente sinal.

A terceira faixa, “Better Than That” já tem uma tendência bem indie, com o uso excessivo do refrão grudento, mas a música é deliciosa assim mesmo. A primeira balada só aparece na quarta canção, e “Out of Control” é bem piegas e cheia de sentimentalismo e clichês ao falar de amor.


Em “Bombshells” temos mais uma que coloca o público para dançar – e aqui também temos uma excelente canção que deve soar muito bem ao vivo graças as palmas e a bateria, que comanda toda a harmonia da canção. Ela também mostra que Miles Kane, definitivamente, se desprendeu das amarras de um estilo musical e pode muito bem flertar com outros tipos de colaboradores no futuro.

Condensada em pouco menos de três minutos, “Tonight” tem um coro interessante no refrão e uma guitarra adorável nos versos, e Kane também mostra que está consolidado como frontman e pode vislumbrar lugares melhores nos próximos festivais. Na sequência temos “What Condition Am I In?”, a primeira do disco com uma pegada mais pop no arranjo e na letra (muito “yeah” e os versos rimando um após o outro quase o tempo inteiro).

A segunda balada aparece em “Fire My Heart” e, além do violão, tem um bonito arranjo com o piano no acompanhamento, dando um tom melancólico e lindo ao mesmo tempo. Mas aí, logo depois, vem a que eu mais gostei: “You're Gonna Get It”, com uma cara absurda de pós-punk com rock de garagem. É para pular loucamente.

Entrando na parte final de Don’t Forget Who You Are, “Give Up” tem um efeito estranho na voz e também apela para o coro, deixando a canção bem pop e até a batida militar da parte final soa interessante – tem cara de single. Para encerrar temos uma canção muito, muito boa: “Darkness in Our Hearts” completa com maestria o trabalho de fechar o segundo disco de Miles Kane.

Kane vem construindo sua carreira com calma, sem pressa. Convites não faltaram para entrar no Arctic Monkeys, mas ele prefere colaborar com a banda com uma visão de fora. Outro ponto para que não aceite é o fato de que a carreira solo está indo muito bem, e Miles está vivendo grande fase.

Don’t Forget Who You Are acabou com todas as dúvidas sobre o cantor, compositor e arranjador. Ele conseguiu ultrapassar a maldita barreira do segundo trabalho, que já acabou com a carreira de muita gente. É um clichê, mas Miles merece: o céu é o limite.

Tracklist:

1 – “Taking Over”
2 – “Don’t Forget Who You Are”
3 – “Better Than That”
4 – “Out of Control”
5 – “Bombshells”
6 – “Tonight”
7 – “What Condition am I In?”
8 – “Fire in My Heart”
9 – “You’re Gonna Get It”
10 – “Give Up”
11 – “Darkness In Our Hearts”

Nota: 3,5/5


Me siga no Twitter e no Facebook e assine o canal no YouTube. Compre livros na Amazon e fortaleça o trabalho do blog!

Saiba como ajudar o blog a continuar existindo

Gostou do post? Compartilhe nas redes sociais e indique o blog aos amigos!