Resenha: Guilherme Arantes – Condição Humana

Guilherme Arantes é um dos muitos artistas brasileiros que fizeram grande sucesso entre os anos 1970 e 1990, com suas músicas em novelas e grandes hits – como “Planeta Água”, “Meu Mundo e Nada Mais”, “Cheias de Charme” e “Deixa Chover”. Mas, como alguns de seus contemporâneos, ficou fora de grande mídia por um tempo mesmo sempre trabalhando em alguma coisa.

Sete anos depois do último disco de inéditas, ele retornou aos estúdios e lançou Condição Humana, seu 22º trabalho. Nesse meio tempo, o pianista lançou alguns trabalhos especiais e foi fundo no projeto pousada/estúdio Coaxo do Sapo, na Bahia, onde reside atualmente.

Logo na música que dá nome ao disco, Guilherme mostra que buscou inspiração na sua própria discografia. Versos como “A noite se ilumina/no Planeta Azul” e a característica ímpar de tocar piano dão o tom do trabalho, além das letras focadas em temas mais humanos. “Onde Estava Você” é um questionamento sobre amizade, sonhos e, por que não da própria carreira do pianista (talvez, claro, só ele poderá responder) – muitas vezes comparado a Elton John. O solo de guitarra é bem legal, aliás, a banda parece bem boa. Já em “Cruzeiro do Sul”, o piano é destaque junto com o coro, que é muito agradável.


Não negando sua veia romântica, Guilherme Arantes apela ao maior dos sentimentos na melosa “Tudo Que Eu Só Fiz Por Você”. Na sequência, surpreendentemente, ele toca em um tema delicado: política nacional e internacional, e faz críticas que envolvem pastores, políticos e afins em “Moldura do Quadro Roubado”. Voltamos ao sentimentalismo, “Oceano de Amor” é uma canção com características bem pop. Violão e piano casam bem, mas é bem exagerada e piegas, diferente da sétima faixa, a melhor disco. “Olhar Estrangeiro” tem uma letra linda e uma pegada muito interessante na parte instrumental, que está excelente.

Depois disso, temos duas baladas românticas: “Você em Mim” e “Castelo do Reino”. Cansativas e repetitivas, elas mostram que esse tema universal nunca será esgotado. Elas não estão no nível das melhores músicas do trabalho, muito menos do que o pianista apresentou em seus anos de carreira. Para encerrar Condição Humana, Guilherme Arantes mostra “O Que Se Leva”, uma parceria com Marcelo Jeneci na voz e no acordeão. É uma bela canção como um todo, com belos arranjos e uma letra muito bonita. Se tem duas canções abaixo da média, essa foi uma boa escolha para encerrar o trabalho como um todo.

Melodicamente, o disco é muito bom. Banda e pianista estão afiados com o coro e tudo que foi acrescentado no processo de construção do trabalho. As letras, apesar de piegas e até hippies em alguns momentos, tocam em temas que já foram explorados nos últimos 40 anos. Mas Arantes quis dar seu toque pessoal, e tudo isso é válido.

De longe, “O Que Se Leva” e “Olhar Estrangeiro” são as duas grandes músicas de um disco irregular. No fim, o saldo acaba sendo mais positivo do que negativo. Condição Humana leva a reflexões e questionamentos, características de uma voz marcante e de um estilo de tocar piano único. As participações de Jeneci, Mariana Aydar, Adriano Cintra, Kassin, Curumin, Bruna Caram, Thiago Petit, Tiê e Tulipa Ruiz são discretas, mas muito eficientes.

Mesmo sem sumir, é bom ver Guilherme Arantes de volta. Estava fazendo falta.

Tracklist:

1 - "Condição Humana"
2 - "Onde Estava Você"
3 - "Cruzeiro do Sul"
4 - "Tudo Que Eu Só Fiz Por Você"
5 - "Moldura do Quadro Roubado"
6 - "Oceano de Amor"
7 - "Olhar Estrangeiro"
8 - "Você em Mim"
9 - "Castelo do Reino"
10 - "O Que se Leva (Temor ao Tempo)"

Nota: 3/5

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=jzkXSSxDpv4]


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