Resenha: A Voz Suprema do Blues



É sempre muito difícil delimitar uma data certa do nascimento dos gêneros musicais. Mesmo grandes especialistas no assunto admitem que eles chegam o mais próximo possível da verdade, mas nunca saberão com exatidão como começou ou quem começou. E com o blues não é diferente. O gênero é uma evolução de antigos cantos africanos, músicas religiosas e canções folclóricas, e que as primeiras músicas apareceram na segunda metade do século XIX.

O blues ganhou força no início do século XX, com muitos dos principais nomes do gênero ouvindo as canções do tipo pela primeira vez. Uma dessas pessoas era Ma Rainey. Nascida em 1886, a cantora iniciou a carreira aos 12 anos na igreja e partiu para turnês bem-sucedidas no sul dos Estados Unidos até o final da curta e controversa vida. Do início da década de 1910 até meados dos anos 1920, houve um aumento considerável na busca por cantores e cantoras afro-americanos de blues para gravar álbuns. O custo era baixo e as vendas eram altíssimas.

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Trilha sonora: A Voz Suprema do Blues, por Branford Marsalis

É um dia de gravação que se passa "A Voz Suprema do Blues", último filme da carreira de Chadwick Boseman, que também conta com Viola Davis e é dirigido por George C. Wolfe. O longa é uma adaptação da peça de teatro de August Wilson, lançada em 1984. Boseman é Levee, um trompetista rebelde que deseja ter a própria banda, e Davis é Ma Rainey, conhecida como a "Rainha do Blues" e dona de uma voz e personalidade que poucos têm.

Entre contratempos e acertos, a vida dos dois personagens principais é passada a limpo em diálogos emocionantes sobre como eles chegaram até ali e os próprios desejos. Boseman dá tudo de si no papel e mostra o motivo de ser o favorito ao Oscar de Melhor Ator -- uma história que ele conta no meio do filme deve ser suficiente para premiá-lo. E Davis está impecável como Rainey, uma amante da música e sem paciência para ver sua voz presa em uma bolacha preta feita unicamente para algumas pessoas terem lucro.

Tinha um imenso receio com o filme, principalmente quando soube que seria dos mesmos produtores de "Um Limite Entre Nós" (2016), também uma peça de teatro adaptada para o cinema. Mas "A Voz Suprema do Blues" é uma evolução desse modelo ao conseguir ter mais cara de filme e menos cara de peça.

É uma história ótima para ser contada, principalmente para conhecermos um pouco de uma pessoa muito importante não só dentro de um gênero, mas na música nos Estados Unidos ao inspirar dezenas de cantoras ao longo dos anos. E o drama do personagem de Chadwick Boseman só aumenta a importância do filme ao tocar em temas importantes até hoje.

Avaliação: muito bom

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