Cinco discos para conhecer Scott Wino


Por Giovanni Cabral 

Robert Scott Weinrich é um músico americano nascido em Rockville, Maryland, que carrega cinco décadas de amargura do blues e do rock. Ele, ao lado de lendas como Bobby Liebling e Messiah Marcolin, é um dos ícones do doom metal e tem uma das vozes mais inconfundíveis do gênero. Por sua importância neste tipo de música melancólica, resolvi listar cinco discos para quem deseja conhecer a sua trajetória.


Saint Vitus - Born Too Late (1986)

Claro que o Saint Vitus apareceria na lista, afinal é uma das mais influentes bandas da história do doom metal. E aqui é um reinício na banda: Wino fazia a sua estreia, substituindo Scott Reagers, que havia gravado o também clássico álbum homônimo. A abertura com a poderosa faixa-título já impressiona, e momentos psicodélicos – “Clear Windowpane” - e sabbaticos – a “H.A.A.G.” – trazem uma sequência incrível de riffs de Dave Chandler, além de transpor a densidade da cozinha formada por Mark Adams e Armando Acosta. Wino emprestaria a sua voz rouca e bêbada até 1990 ao Saint Vitus.



The Obsessed – Lunar Womb* (1991)

Formado em 1976, vivendo uma década e meia na mais pura obscuridade, o Obsessed é uma das principais bandas do doom metal tradicional. Foi o projeto que Wino sempre manteve antes de ter entrado para o Saint Vitus, ponto focal da sua carreira após uma reformulação em 1990. Lunar Womb, com sua aterrorizante capa, é apenas o segundo registro do grupo, que conta com a estreia do baixista Scott Reeder (que mais tarde alcançaria prestígio maior sendo membro do Kyuss). Novamente, Wino cria uma variedade enorme de atmosferas com seus riffs de guitarra. O clima do oculto é muito forte, e canções como "Kachina" e "Back to Zero" tem muita tensão.

*Nota do blog: não achei uma capa em tamanho legal para postar. Está na Wikipedia para quem tiver curiosidade de olhar.




Spirit Caravan - Jug Fulla Sun (1999)

Surgida em 1996, após o desmantelamento do Obsessed, o Spirit Caravan era um novo power-trio na carreira de Scott Wino, trazendo Dave Shermann no baixo e Gary Isom na bateria. O som é mais grave e mais psicodélico, puxado para o crescente stoner rock. Por mais que haja uma série de riffs chapados semelhantes, há certa variedade, com influências como Alice In Chains ("Lost Sun Dance"), Soundgarden ("Courage"), Motörhead ("Fang") e Led Zeppelin ("Chaw").


Shrinebuilder - Shrinebuilder (2009)

Imaginem uma banda que combine Wino, Neurosis, Melvins e Sleep. É exatamente isso o Shrinebuilder. A junção de Wino (guitarra e vocal), com Scott Kelly (guitarra e vocal - Neurosis), Dale Crover (bateria - Melvins) e Al Cisneros (baixo e vocal - Sleep, Om) formou um dos supergrupos no metal em que o resultado melhor atingiu as minhas expectativas. Apesar do curto número de faixas, quatro das cinco músicas ultrapassam os sete minutos de duração. A mescla da bagagem musical de todos é o que faz essa obra ser grandiosa, sendo "Pyramid of the Moon" o grande exemplo disso, apresentando tudo o que o melhor do gênero pode ter: a bateria seca e pesada de Crover, as ótimas linhas do baixista do Sleep na parte mais calma, incríveis riffs que surgem toda a hora, além da combinação de vozes diferentes muito bem encaixadas em cada parte.


Wino & Conny Ochs - Freedom Conspiracy (2015)

Wino é um fã apaixonado por folk rock, principalmente por Townes Van Zandt, ganhador de tributo encabeçado pelo ex-Saint Vitus e pela dupla Steve Von Till e Scott Kelly. Seguindo por estes caminhos acústicos, formou um dueto com o até agora desconhecido cantor alemão Conny Ochs, que conheceu em uma turnê solo pelo país bávaro. A química foi imediata. O álbum sucede o bom Heavy Kingdom (2012), mostrando que a dupla está ainda mais entrosada, trazendo muitos violões, vocais fortes e algumas guitarras mais acachapantes. A capa – que poderia facilmente estar em dos discos de Neil Young na década de 1970 – é bela e introspectiva, contrastando com o clima rústico das canções. A audição na íntegra é recomendada, mas ouça a faixa-título e “The Great Destroyer”, que podem resumir o quão tocante melodias obscuras podem ser.