Quando a sentença de US$ 7,4 milhões de dólares favorável à família de Marvin Gaye, logo pensei que era um momento histórico na música, maior até mesmo do que as mudanças feitas para evitar samplers de músicas famosas em canções de hip-hop no início dos anos 1990.
Ainda cabe recurso da dupla Robon Thicke e Pharrell Williams, mas é claro que, mesmo de forma indireta, aconteceu uma mudança na regra e de como vão encarar as coisas daqui para frente. A alegação da dupla era que havia, sim, elementos da música de Gaye, não apenas de uma faixa específica, e era uma homenagem ao cantor que elevou a soul music a outro patamar.
Com essa celeuma feita envolvendo duas partes poderosas, a indústria musical precisa colocar as barbas de molho mais uma vez. Não bastava ver as quedas de discos físicos, os serviços de streaming dominando cada vez mais o mercado e o fato de que muitas galinhas dos ovos de ouro de antes já não estão mais tão na ativa assim, ainda mais essa.
“Homenagens”, entre aspas mesmo, são bem comuns na música. Quer um exemplo maior do que o Led Zeppelin? Gênios, uma banda fantástica, que fizeram coisas que poucos conseguiram, mas, umas vezes admitidas e outras não, copiaram seus ídolos – desde trechos de música a canções quase inteiras. Quem entrou na justiça venceu, e eles tiveram que alterar alguns créditos em relançamentos de álbuns. Isso, claro, mancha um pouco a reputação e até coloca em dúvida a honestidade de Jimmy Page e Robert Plant, os principais compositores. Muita gente não gosta deles exatamente por esse tipo de coisa.
Outro exemplo recente: One Direction tem uma música com uma introdução muito semelhante a “Baba O’Rilley”, do The Who. Pete Townshend não levou um processo adiante por, na visão dele, achar que ter acordes semelhantes não significa uma cópia descarada. O problema nisso tudo está no limite entre a homenagem e a cópia. Quem pode julgar isso? Quais são os procedimentos? O Hollywood Reporter fez uma matéria em que comprova a similaridade entre a canção de Gaye e de Thicke com Williams, mas a linha entre isso é muito tênue.
As carreiras de Williams e Thicke não acabarão, tampouco a família de Gaye pode ser taxada de gananciosa. Talvez seja um marco na indústria da música em que todos terão que tomar mais cuidado a partir de hoje. Quem sabe criar músicas próprias. Fica aí a dica.
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