Separação do Blink-182, desapego e hora de mudar


O Blink-182 fez parte de muitos adolescentes no fim dos anos 1990 e início dos anos 2000, inclusive na minha adolescência. Naquela época, era quase impossível não gostar do jeito bem-humorado, até um pouco grosseiro, de Tom DeLonge, Mark Hoppus e Travis Barker. Mas uma coisa aconteceu, e isso era inevitável.

O tempo passou.

Muita gente ainda gosta da banda, mantém sites, ouve os discos, ainda espera ansiosamente por uma apresentação deles no Brasil. No meu caso, o tempo também passou para mim. Há muito tempo parei de ouvir e, recentemente, apaguei tudo que tinha deles no notebook – dois DVDs, 14 shows, bootlegs de shows, gravações nunca usadas e álbuns que nunca comprei.

O Blink-182 pode ser o presente de muitas pessoas, mas virou meu passado. Por isso, quando acompanhei atentamente o que aconteceu nesta semana, acabou sendo um tanto inevitável não relembrar de certas coisas, momentos da minha vida e coisas que acontecerem enquanto eles estiveram em atividade pela primeira vez que, coincidentemente, acabou poucos dias antes do meu primeiro dia na faculdade. Claro que não larguei imediatamente, tanto é que só fui apagar o que eu tinha um dia desses.

Quando saiu que DeLonge havia deixado o grupo mais uma vez, a reação foi em querer saber o motivo, mas não como fã indignado. Só queria saber se eles tinham brigado mais uma vez e essas coisas. Só. Não havia mais aquele sentimento de frustração pelo fim mais uma vez. Ver Hoppus e Barker unidos pela banda é muito bonito e até emocionante em querer saber que a chama em querer tocar no Blink-182 ainda queime nos dois e em milhões de fãs pelo mundo.

Não é o caso de DeLonge, nem o meu.

Crescer é muito difícil, acreditem. Continuar com certas coisas apenas pela segurança em continuar pode até deixar você melhor, mas, no fundo, todo mundo precisa crescer, sair da zona de conforto, dar a cara a tapa por alguma coisa, correr atrás, fazer algo diferente, descobrir uma coisa nova, se redescobrir, começar uma, duas, dez vezes se necessário. Às vezes o que você está fazendo hoje não será aquilo que você fará no próximo ano, mas serve como experiência.

Ao ver essa briga com o fim do Blink-182, me pergunto se a volta foi uma boa para os membros da banda. Pelo que parece, as mágoas só aumentaram e não parece haver acordo ou disposição em perdoar novamente para um recomeço. Se DeLonge queria sair, que tivesse sido honesto com os outros. E não acho que seja o caso de manter o grupo em atividade sem o vocalista original.

Usando meu próprio exemplo, é muito difícil desapegar ao que nos deixa seguro – seja ficar em uma banda até o fim de sua vida, seja guardar coisas que não ouvia há um tempão. Mas é necessário. Está na hora de deixar o Blink-182 no passado de cada um e seguir felizes em outras coisas. A lembrança de um Blink-182 feliz, brincalhão e cheio de energia é muito melhor do que ver homens na faixa dos 40 anos brigando como adolescentes.



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