As lições que o superjúri deixou no Prêmio Multishow


Há algum tempo, o Prêmio Multishow usa do mesmo artifício para tentar atrair audiência: Ivete Sangalo e Paulo Gustavo estavam lá novamente, agora reforçados com Didi Wagner e Tatá Werneck. Tudo correu exatamente como nos anos anteriores, com o exagero, as piadas sem graça e os apresentadores se atrapalhando quase o tempo inteiro. Não durou cinco minutos minha atenção a cerimônia.

A graça está em acompanhar as discussões do superjúri, uma excelente ideia de quem pensou nisso. Basicamente, para quem não sabe, 11 pessoas – jornalistas, produtores e pessoas ligadas à música de alguma forma – são convidadas pela produção para votar ao vivo nas categorias Revelação, Nova Canção, Melhor Show e Melhor Álbum.

Primeira categoria votada, Nova Canção, foi o início da discussão. Vencida por Mahmundi, claramente a escolha acabou sendo pautada pela menos pior. Outra coisa que me incomodou é o fato de só veteranos (Ney Matogrosso, Racionais e Gilberto Gil) estarem concorrendo na categoria Melhor Show, mostrando que o visual e o repertório, muitas vezes batido, ainda fazem diferença na hora da escolha.

Em Melhor Álbum e Revelação, o debate e a troca de bons argumentos deram a Banda do Mar e ao Boogarins os respectivos prêmios. Formada por Marcelo Camelo, Mallu Magalhães e Fred Ferreira, a Banda do Mar é um projeto novo e une Brasil e Portugal, mas é bem comum. Talvez Juçara Marçal, Leo Cavalcanti e O Terno merecessem mais. Já o Boogarins como revelação é justíssimo e coroa uma das melhores bandas brasileiras da atualidade.

Sem André Forastieri, coube a Ivan Finotti o papel de advogado do diabo em alguns momentos. Votação a parte, as críticas à nova cena musical brasileira foram intensas. De canções chatas a dependência do circuito SESC para fazer shows, uma coisa ficou bem clara: muitos músicos brasileiros não estão preocupados em apresentar seu trabalho ao público. Eles jogam o disco de graça na internet e está tudo bem. Não existe mais uma troca, uma interação. Muitos deles são mimados o suficiente para não aceitar uma crítica negativa.

É muito bom ver que a música ainda gera essa capacidade de bons argumentos. Carlos Miranda, Ricardo Alexandre, Sarah Oliveira, Pablo Miyazawa e os outros sete membros do superjúri mostraram que essa nova geração da música brasileira merece ser discutida – para o bem ou para o mal.

Os vencedores escolhidos pelo superjúri:

Artista Revelação: Boogarins
Nova Canção: Mahmundi - "Sentimento"
Melhor Show: Racionais MCs
Melhor Álbum: Banda do Mar - "Banda do Mar"




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