Resenha: Perfect Pussy – Say Yes To Love


Por incrível que possa parecer, uma banda chamada Perfect Pussy chamou atenção do mainstream no início deste ano, sendo pauta de algumas das principais seções de novidades entre janeiro e fevereiro. E neste mês sai o primeiro álbum, chamado Say Yes To Love, desse grupo que mistura hardcore, punk e rock alternativo.

A sonoridade foge de tudo que anda dominando as paradas nas últimas semanas e até mesmo dos últimos anos. É uma barulheira sem tamanho, o som é cru, falta produção, o vocal é gritado e parece que tudo está ligado em um único amplificador. Mas é uma delícia ouvir Say Yes To Love.

A abertura com “Drive”, uma guitarra insinuante e cheia de microfonia, traz toda uma energia punk de garagem que não se vê muito por aí. Duas coisas que fazem diferença logo de cara: a velocidade em que eles tocam e o tempo curto da faixa – menos de três minutos. E quando você menos percebe, começa “Bells”, igualmente veloz e sem rodeios.

“Big Stars” começa lenta, se comparada com as anteriores, depois acelera de tal forma que sair pulando é algo perfeitamente natural, ritmo que é mantido na ainda mais agitada “Work”. Há muito tempo que não ouvia um álbum assim, que alia força, velocidade e improviso tão bem. Talvez a mais pop, se é que podemos chamar assim, é a quase balada “Interference Fits”, que perto das outras é calma e serena.

A curtíssima “Dig”, com menos de um minuto e meio, é praticamente a abertura de “Advance Upon the Real”, a mais longa do disco. Ele segue o parâmetro da rapidez e do improviso, mas parece uma mostra da última canção de um show: ela termina com o barulho da guitarra típico do encerramento de apresentações. Encerrando, “Vii” é a canção instrumental mais suja e improvisada que tive a chance de ouvir em muito tempo. Ainda há mais quatro faixas ao vivo, que mostram, definitivamente, a força do Perfect Pussy.

O som sujo faz toda diferença para quem acha que a música anda muito perfeita e cheia de “nhé, nhé, nhé”, fora que a atmosfera em que você é inserido mostra que ainda há gente que não quer massificar seu som, nem mudar de lado, para fazer sucesso ou chegar ao primeiro lugar. Garanto que 90% das pessoas vão odiar esse disco por tudo que ele é: uma deliciosa bagunça sonora que estará na lista de melhores do ano, certamente.

Tracklist:

1 – “Driver”
2 – “Bells”
3 – “Big Stars”
4 – “Work”
5 – “Interference Fits”
6 – “Dig”
7 – “Advance Upon the Real”
8 – “Vii”
9 – “Bells” (live)
10 – “Iii” (live)
11 – “Advance Upon the Real” (live)
12 – “I” (live)

Nota: 5/5



Veja também:
4 em 1: Tommy Castro and The Painkillers, The Lawrence Arms, Sleepy Sun e Guided By Voices
Resenha: Real Estate – Atlas
Resenha: Pharrell Williams – G I R L
4 em 1: Phantogram, Sun Kil Moon, Reverend Horton Heat e Los Lonely Boys
Resenha: David Crosby – Croz
Resenha: St. Vincent - St. Vincent

Siga o blog no Facebook, no Twitter e no Instagram


Comentários