Resenha: Pixies – EP2


A idade de algumas pessoas pode ser exposta na próxima frase, mas não há mentira: o Pixies virou uma banda clássica. Formada em meados dos anos 1980, o grupo influenciou a geração seguinte que viria a ser conhecida como grunge (Nirvana, Soundgarden, Pearl Jam e outras). E graças a eles, Black Francis, Joey Santiago, David Lovering e Kim Deal ficaram conhecidos – tudo isso sem perder a áurea de alternativo.

No auge do sucesso comercial, as diferenças musicais (sempre elas) fizeram o Pixies encerrar suas atividades. Mais de uma década depois, eles retornaram e arrebanharam fãs antigos e novos, principalmente os que nunca haviam visto um show ‘in loco’. Claro, sucesso na certa. Mas a banda era cobrada desde 2004 por material novo, e eles lançaram uma música nova naquele mesmo ano. E só.

Surpreendentemente, a ótima “Bagboy” saiu, recolocando o Pixies no mercado em 2013. Então veio o medonho EP1, primeiro trabalho mais consistente do grupo em mais de 20 anos. Um desastre completo, em nada fazendo jus a excelente discografia. Passado o mar de críticas, mais uma vez tirando um coelho de cartola, Francis, Santiago e Lovering colocaram no mercado EP2, segundo disco seguido com apenas quatro canções.

A primeira faixa do novo álbum é “Blue Eyed Hexe”, exatamente o que espero do Pixies: guitarras altas e uma melodia firme no início, mudando na virada para um refrão grudento. Agora, sim, bem-vindo ao século 21, Pixies. Já “Magdalena” traz mais experimentalismo em que o eco e a reverberação dominam a boa segunda faixa, que também é cheia de referências ao grupo antes e depois da saída da baixista Kim Deal.

Terceira canção, “Greens and Blues” é acústica e é facilmente aquele momento do show em que a banda tira para descansar entre uma música agitada e outra. É uma bela faixa. Finalizando o trabalho, “Snakes” não apresenta nada que a banda já não tenha feito, mas ainda é muito superior a quase todo EP anterior.

Apostando em lançamentos limitados e a conta-gotas, o Pixies tenta se diferenciar nesse novo mercado consumidor dos anos 2000. O que não deixa de ser interessante, pois é uma maneira de cada trabalho se tornar único. EP2 é muito superior ao anterior, e isso mostra que a banda optou por um caminho ainda mais experimental nesse retorno aos estúdios – o que não deixa de ser bom e mostra que Francis não deseja ver sua banda fadada a viver apenas de “Here Comes Your Man”.

Tracklist:

1 - "Blue Eyed Hexe"
2 - "Magdalena"
3 - "Greens and Blues"
4 - "Snakes"

Nota: 3,5/5



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