Diferente das bandas indies que dominam o atual cenário da música mundial, o Cage The Elephant carrega um pouco do rock em sua curta discografia. A banda liderada por Matthew Shultz conseguiu impressionar Dave Grohl – que já tocou bateria com eles quando Jared Champion passou mal e não pôde fazer a apresentação.
Terceiro disco da banda fundada em 2006, Melophobia começa com “Spiderhead”, canção com uma pegada bem anos 1980 – cheia de complementos. Não sei por que motivo lembrei do Devo na mesma hora. Enfim, é um começo razoável, já que o uso excessivo de sintetizadores ao final é muito irritante.
Segunda canção, “Come a Little Closer” nasceu em São Paulo. Ao acordar na manhã da capital paulista, Shultz olhou pela janela, viu vários prédios e se perguntou o que cada pessoa estava sentindo naquele momento. Disso saiu uma bela letra que diz coisas como Ten thousand people stand alone now/ And in the evening the sun sets/ Tomorrow it will rise. Não é uma letra genial, mas é cheia de sentimento, e isso é bom.
Na mesma base sentimental está “Telescope”, que mais é uma sessão de terapia do que qualquer outra coisa. Mais leve do que as outras do início, ela tem um tom choroso na parte final. O ânimo retorna em “It's Just Forever”, e a participação de Alison Mosshart, do Kills, combina perfeitamente com a temática – aliás, ela tem uma das boas vozes atualmente.
Com mesmo nome de uma famosa música dos Strokes, “Take It or Leave It” tem um pouco do que a banda americana apresentou no último disco: a mistura com eletrônico. Mas no Cage The Elephant isso aparece menos e logo a guitarra domina o espaço. Pior até aqui, “Halo” só tem a bateria de legal. De resto, é uma faixa esquecível. “Black Widow” tem um baixo forte e clara influência de blues, jazz e um pouco de R&B, tudo bem equilibrado. Gostei. Indo ao oposto, “Hypocrite” é suave e apela um pouco para o lado mais pop da banda – o que é um movimento totalmente compreensível.
Primeira grande faixa barulhenta, “Teeth” é puro rock do início ao fim com as guitarras em um volume alto o suficiente para deixar alguém surdo em uma faixa excelente, lembrando o Sonic Youth em seus melhores momentos. Mas de maneira melancólica, o álbum encerra com a balada “Cigarette Daydreams”, que é muito fraca e sem graça.
Sinceramente, esperava mais de Melophobia. Irregular ao extremo, o disco tem muitas variações – entre tristeza e alegria, por exemplo. Não é ruim, mas poderia ser muito melhor pelas influências da banda – que passam por toda história do rock. Quando eles usam o que tem de melhor, as guitarras e o grupo mais coeso, tudo funciona bem. O cenário muda quando elementos são acrescentados, tirando um pouco da funcionalidade do conjunto. Espero que o Cage venha mais rock da próxima vez.
Tracklist:
1 - "Spiderhead"
2 - "Come A Little Closer"
3 - "Telescope"
4 - "It’s Just Forever"
5 - "Take It Or Leave It"
6 - "Halo"
7 - "Black Widow"
8 - "Hypocrite"
9 - "Teeth"
10 - "Cigarette Daydreams"
2 - "Come A Little Closer"
3 - "Telescope"
4 - "It’s Just Forever"
5 - "Take It Or Leave It"
6 - "Halo"
7 - "Black Widow"
8 - "Hypocrite"
9 - "Teeth"
10 - "Cigarette Daydreams"
Nota: 3/5
Veja também:
Resenha: Jake Bugg - Shangri-La
4 em 1: Waxahatchee, Jessie J, Janelle Monáe e Morcheeba
Resenha: Deerhunter – Monomania
Resenha: Lorde – Pure Heroine
4 em 1: Clarice Falcão, Nevilton, Madrid e Ed Motta
Comentários
Postar um comentário
Usem os comentários com parcimônia. Qualquer manifestação preconceituosa, ofensas e xingamentos são excluídos sem aviso prévio. Obrigado!