Existe uma áurea quase de imortal quando se fala em Keith Richards, aniversariante do dia, 70. Por ter consumido quase a quantidade de drogas dentro de um helicóptero, o guitarrista é mais lembrado pelo que fez fora dos Rolling Stones do que por seu trabalho em si – principalmente pelas pessoas que não acompanham, ou acompanharam, a carreira dele.
Junto com os outros Stones, Keith completou 50 anos de banda neste ano. Sua história foi destrinchada por ele próprio na autobiografia chamada Vida, um dos bons livros do gênero. Mas nestas cinco décadas de banda precisou dividir holofotes com ninguém menos que Mick Jagger. Imagino que não foi fácil ter que aturar o amigo ser exaltado e reverenciado, e colocado seu nome, em vários momentos, acima da banda.
Hoje, não existe uma só lista que não coloque Keith Richards como um dos melhores guitarristas de todos os tempos. E com total razão. Com ajuda de Brian Jones, um dos grandes músicos ingleses dos anos 1960, ele se desenvolveu como guitarrista. E graças a Andrew Oldham, primeiro empresário dos Stones, a dupla dele com Jagger rivaliza com Lennon-McCartney no quesito composições.
Richards é desses guitarristas das antigas, pelo que ele próprio já escreveu. Desde jovem, a única coisa que importa é a música e aprender mais e mais sobre sua paixão. E se seu melhor amigo foi desvirtuado do caminho algumas vezes, ao que parece, esse cara nascido em Kent, que sofreu os efeitos devastadores da pobreza do pós-guerra, que os professores não viam futuro algum nele, Keith sempre teve a muleta da música para seguir em frente. Também é importante destacar o fato de ele ser um grande fã de blues, o que contribuiu para sua formação musical.
Seu jeito de tocar guitarra, suas declarações polêmicas, suas brigas com seus companheiros de banda, seu jeitão meio bad boy – moldado pelo empresário que queria ver a banda com a antítese dos Beatles –, tudo isso fez com que esse inglês fosse reverenciado por gerações de guitarristas desde então.
Não querendo ser pessimista, mas é sempre bom lembrar que Eric Clapton e o Who anunciaram a aposentadoria recentemente, e os Stones já estão chegando na faixa dos 70 anos. Não será nenhum absurdo se eles anunciarem o encerramento de suas atividades em breve. Olhando de maneira geral, Keith Richards não precisa mostrar mais nada ao mundo sobre seu talento como compositor e guitarrista. Já está na hora de reverenciá-lo ainda mais por tudo que ele já fez.
Veja também:
Discos para história: Their Satanic Majesties Request, dos Rolling Stones (1967)
Vídeo: Rolling Stones - Doom and Gloom
50 anos e contando
Livro: Vida, de Keith Richards
Parabéns, Rolling Stones
Comentários
Postar um comentário
Usem os comentários com parcimônia. Qualquer manifestação preconceituosa, ofensas e xingamentos são excluídos sem aviso prévio. Obrigado!