Resenha: Lady Gaga – Artpop


O atual momento da chamada indústria musical não permite que qualquer artista se dê ao luxo de ficar fora dos holofotes correndo sério risco de ser esquecido. Fora as bandas e cantores consagrados, é pouco provável que algum nome da atual geração fique mais do que três anos sem gravar alguma coisa inédita. Se não está em estúdio, é quase obrigação estar em turnê pelo mundo durante boa parte do ano.

Pode não parecer, mas o último lançamento de Lady Gaga foi Born This Way, de 2011, grande sucesso dela nas paradas. Porém, enfrentando problemas de saúde, ela não esteve em turnê nos últimos meses, e ela viu de casa Katy Perry, Rihanna, Lana del Rey e a jovem Lorde ocuparem as paradas neste ano. Por isso, Artpop chega às lojas com uma grande responsabilidade: recolocar a cantora nas paradas e no topo do mundo novamente.

“Aura” abre Artpop de maneira meio épica, meio mostrando que Gaga deseja reocupar seu espaço. A faixa beira a mistura entre eletrônico e Cher, mostrando que aquele álbum das Sete Melhores da Pan nunca será deixado de lado. Nessa mesma pegada vem “Venus”, de temática espacial, deve animar alguma pista de dança por aí.

De letra de teor bem sexual, “G.U.Y” relembra um pouco alguma coisa que ela fez no passado, mas é fraca. Porém nada supera “Sexxx Dreams”, de longe a pior até aqui de um trabalho em que não há nada de grande destaque no primeiro terço de audição, que termina com “Jewels n' Drugs” com a participação do rapper T.I. Lady Gaga levou quatro músicas para trazer algo de legal: “Manicure”, com sua pegada dançante e sem nada de eletrônico e overdubs, é muito boa, de longe uma das melhores do disco. O bom R&B moderno de“Do What U Want”, em que a cantora divide as atenções com R Kelly, também é bem interessante.

Depois de duas canções boas, o nível cai bruscamente nas descartáveis “Artpop” e “Swine”, momento em que o eletrônico impera mais uma vez. Uma das faixas que chama atenção é “Donatella”. Se recentemente Lilly Allen foi elogiada por dar uma zoada em Rihhana, Gaga não poupa um perfil que vem ganhando destaque nos dias atuais: a menina rica que sai por aí esbanjando dinheiro – nada contra em comprar o que quiser, mas é patético que elas se aproveitem dessa posição para ganhar algum tipo vantagem.

Ainda melhor que anterior, “Fashon” tem uma letra e uma batida muito boas, e lembra um pouco a disco music dos anos 1970. “Mary Jane Holland”, por ser logo depois de duas faixas tão boas, acaba soando muito abaixo do esperado. Com o piano cheio de overdubs, “Dope” é melancólica e trata de um tema pesado, mas com certa delicadeza: drogas. Bela faixa. "Gypsy" até começa bem, mas é outra que vira música que a Jovem Pan cansa de tocar durante a madrugada. Por fim, “Applause”, primeiro single, encerra a audição de maneira bem mediana.

É assim: quando Lady Gaga não exagera na mistura com eletrônico e traz algo mais pop, ela faz isso muito bem – melhor que a maioria, diga-se. Mas quando coloca muitos overdubs, as canções ficam repetitivas e cansativas. Artpop é apenas um registro razoável por ser irregular e cheio de canções absolutamente descartáveis. Fica a pergunta: será esse o primeiro fracasso comercial da cantora? Saberemos nas próximas semanas.

Tracklist:

1 – “Aura”
2 – “Venus”
3 – “G.U.Y.”
4 – “Sexxx Dreams”
5 – “Jewels N’ Drugs”
6 – “Manicure”
7 – “Do What U Want”
8 – “Artpop”
9 – “Swine”
10 – “Donatella”
11 – “Fashion!”
12 – “Mary Jane Holland”
13 – “Dope”
14 – “Gypsy”
15 – “Applause“

Nota: 2/5



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