Resenha: Rodrigo Amarante – Cavalo


Não é difícil ler por aí que o Los Hermanos foi a maior banda brasileira do início dos anos 2000. Mesmo abrindo mão de uma grande gravadora, o quarteto carioca conseguiu uma base de fãs incansáveis na busca para acompanhar o trabalho – dando ao grupo certo tom messiânico em alguns momentos.

Em 2007, a banda anunciou um hiato, dando a seus membros a chance de trabalhar em projetos solos. Nesse meio tempo, Marcelo Camelo consolidou sua carreira ao lançar dois discos de inéditas e um DVD, mostrando que o Los Hermanos já não era mais suficiente para ele.

O mesmo aconteceu com Rodrigo Amarante, mas, diferente do companheiro, ele partiu para um projeto mais rock: o Little Joy. Ao lado de Binki Shapiro e Fabrizio Moretti, baterista dos Strokes, ele fez um álbum bem interessante, abrigando vários tipos de ritmos. E era trilhando esse caminho que muitos aguardaram com ansiedade o primeiro disco solo de Amarante.

A estreia do guitarrista, chamada Cavalo, começa calmo e tranquilo com “Nada em Vão”, dando uma ideia de como será o ritmo deste primeiro álbum. Segunda faixa, “Hourglass” é toda em inglês e é mais acelerada, mas também não consegue chamar muita atenção.

Já “Mon Nom” – sim, um palíndromo – é toda em francês, algo que Rodrigo já versava em “Cher Antoine”, em sua banda original. Aqui o uso da melodia é bom, porém é pouco, muito pouco, pela capacidade do cantor em fazer coisas melhores. Em “Irene” retornamos ao português com a primeira canção realmente boa pelo conjunto – tudo funciona bem.

Outra faixa interessante do ex-Hermano é “Maná”, um samba curto e bem agradável de escutar, e até parece que o disco vai melhorar, mas não é isso que acontece. Colocando o nível do trabalho lá para baixo, “Fall Asleep” é sem graça e quase coloca para dormir de verdade, assim como “The Ribbon”.

“O Cometa” até dá uma animada com uma melodia bonitinha, mas não muito, porque a letra não chama muito o ouvinte, enquanto canção-título é sombria e com quê poético, e ainda assim também não merece grande destaque. “I’m Ready” emula um pouco do que foi feito no Little Joy, e temos uma faixa até aceitável. Por fim, “Tardei” traz o melhor de Amarante na grande música do álbum – sem firulas, invencionices ou qualquer coisa do tipo.

Não há problema em fazer um disco leve, sem guitarras empolgantes, mas o trabalho precisa engrenar, o que não acontece em Cavalo. Esse clima hippie-neo-bossa nova-indie não consegue chamar atenção ou trazer alguma coisa nova, apenas mostra que esse tipo de música precisa ser muito bem feito para ter resultado. Com apenas três canções boas, a estreia de Rodrigo Amarante em carreira solo é decepcionante ao ponto de não querer mais ouvir Cavalo. Uma pena.

Tracklist:

1 - "Nada em vão"
2 - "Hourglass"
3 - "Mon Nom"
4 - "Irene"
5 - "Maná"
6 - "Fall Asleep"
7 - "The Ribbon"
8 - "O Cometa"
9 - "Cavalo"
10 - "I'm Ready"
11 - "Tardei"

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