Livro: Dias de Luta – O Rock e o Brasil dos anos 80, de Ricardo Alexandre


Se a Inglaterra passou pelo seu período de sucesso do rock nos anos 1960, isso aconteceria no Brasil 20 anos depois. Com os mesmos nomes de sempre dominando a programação, Barão Vermelho, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Ira!, Ultraje a Rigor, Capital Inicial, Titãs, Kid Abelha, Blitz e Lobão apareceram nas paradas. Todas essas histórias são contadas muito bem em Dias de Luta – O Rock e o Brasil dos anos 80, do jornalista Ricardo Alexandre.

Desde os primórdios do chamado rock brasileiro até a morte de Renato Russo, o livro consegue trazer e situar não só as boas histórias sobre as bandas e todos seus agregados, mas também situa o momento do Brasil no meio dos anos 1980, como o final da ditadura, que acabou sendo propicio para o estouro de vários grupos e venda de milhões de discos em momento em que a indústria ainda sobrevivia basicamente das vendas.

É interessante saber como o momento acabou sendo criado para esse acontecimento – desde o surgimento da cena no início da década, passando pela inauguração do Circo Voador, no Rio de Janeiro, até o estouro da Blitz, primeiro grande acontecimento do rock no Brasil. Depois temos as cenas de Brasília e São Paulo trazendo bons nomes, aliando o que já acontecia no Rio de Janeiro. Também tivemos coisas acontecendo em outros estados e o surgimento do Engenheiros do Hawaii e do Camisa de Vênus, do Rio Grande do Sul e da Bahia, respectivamente.

Mas o grande momento foi a explosão do RPM pelo Brasil, gerando algo jamais visto por aqui. O que também foi interessante de acompanhar foi como os envolvidos (artistas, gravadoras, empresários, público e jornalistas) lidaram com esse tipo de fenômeno até então inédito – ficou claro que ninguém estava maduro para lidar com isso.

Na terra do imediatismo, o primeiro grande movimento da música pop pós-Tropicália durou uma década, mas parece que foi menos. Muito por conta de procurar sempre o próximo sucesso ou o próximo milhão de discos vendidos. Ainda bem que, nessa guerra absurda entre artistas da velha guarda e editoras, existe um livro como Dias de Luta – O Rock e o Brasil dos anos 80 em que é possível aprender sobre um tempo que não vivi, mas importantíssimo para a música brasileira e para o Brasil. 

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