Resenha: Franz Ferdinand – Right Thoughts, Right Words, Right Action


Há dez anos ouvimos falar de Franz Ferdinand e seu animado álbum de estreia que leva o nome do grupo. Junto com Keane e The Killers, os escoceses apareceram como novidade na época em que o hip-hop dominava as paradas e a cabeça dos jovens em 2003.

O Keane virou uma banda que não faz medo; o Killers quer dominar o mundo ao melhor estilo Queen. Já o Franz segue fazendo que sabe melhor: colocar todos para dançar. Se You Could Have It So Much Better, de 2005, é uma continuação do primeiro trabalho, Tonight: Franz Ferdinand, de 2009, carrega toques de eletrônico e é um disco muito interessante pela mudança de sonoridade.

Quatro anos depois do último álbum, a banda retornou com material inédito e lançou Right Thoughts, Right Words, Right Action, quarto LP em dez anos – média muito boa de um a cada dois anos e meio. O novo trabalho começa com a animada “Right Action”, colocando todo mundo para se mexer sem dó, nem piedade, logo de cara. “Evil Eye” aparece como a “Thriller” dos indies: assustadora, mas excelente para dançar – o clipe é uma bela homenagem aos filmes de terror B.


“Love Ilumination” é single e tem cara de canção que estará em um futuro Greatest Hits do FF certamente. Aqui, e nos outros discos, a destacar o riff criado para acompanhar o andamento. E nada de diminuir o ritmo na quarta música, e “Stand On The Horizon” poderia estar, tranquilamente, em Tonight..., já que é a mais eletrônica de todas as dez que estão no disco.

Primeira mais leve, “Fresh Strawberries” é uma balada com uma linha de baixo bem legal e segue bem calma – nem parece o Franz Ferdinand das primeiras músicas. O agito volta com “Bullet” e seu refrão que teima em não sair da cabeça mesmo uma semana após a audição de Right Thoughts... Outra que tem um solinho de guitarra bem legal é “Treason! Animals.”, que tem uma pegada diferente de todo álbum e tem uma cara sombria como “Evil Eye”.

Em “The Universe Expanded” temos algo muito do eletro-indie do LCD Soundsystem ao tunar a voz e colocar uma ou duas guitarras na batida, dando certo agito após o início mais calmo e denso. “Brief Encounters” lembra a trilha sonora de filme de terror B, mostrando que existe uma temática por trás do quarto álbum de estúdio da banda. “Goodbye Lovers & Friends” encerra o álbum de maneira melancólica, quebrando todo clima de festividade no início.

Duas coisas sobre este disco: a primeira é que o Franz Ferdinand descobriu a fórmula para agradar indies de todas as idades. Basta colocar quatro ou cinco músicas dançantes, umas baladinhas, refrão fácil e grudento em todas as canções e pronto, está tudo feito.

A segunda é que o bom Right Thoughts, Right Words, Right Action é tudo que a banda da Escócia sabe fazer de melhor. Ou seja, eles retornaram o ritmo dos dois primeiros álbuns. Para qualquer artista, mesmo feito com muita competência, repetir-se é uma armadilha perigosa, pois causa acomodação e limita-se apenas a um tipo de fã. E mais dois discos iguais, o Franz Ferdinand vira o AC/DC dos indies. Mas como eles não querem dominar o mundo como seus contemporâneos do Killers, nem perder a relevância como o pessoal do Keane, seguir fazendo o sabe, e sabendo das consequências, é sempre bom. Se é para ser pop dançante, que dancem, então.

Tracklist:

1 - "Right Action"
2 - "Evil Eye"
3 - "Love Illumination"
4 - "Stand On The Horizon"
5 - "Fresh Strawberries"
6 - "Bullet"
7 - "Treason! Animals."
8 - "The Universe Expanded"
9 - "Brief Encounters"
10 - "Goodbye Lovers & Friends"

Nota: 3,5/5