Resenha: Justin Timberlake – The 20/20 Experience

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Justin Timberlake fez enorme sucesso no N’Sync, e ele não demorou muito para deixar a boy band e partir para carreira solo. Depois de Justified, que o colocou entre os principais nomes do pop, o cantor fez um sucesso gigantesco com FutureSex/LoveSounds, disco produzido por Timbaland – foi aqui que o produtor foi alçado a um dos principais nomes do mercado, tendo produzido gente como Madonna e Nelly Furtado.

No mesmo espaço de tempo, Timberlake foi convidado para atuar em alguns filmes, entre eles A Rede Social, e conseguiu consolidar uma boa carreira no cinema. Mas após sete anos sem lançar material inédito, Justin voltou com tudo e colocou no mercado The 20/20 Experience, o terceiro trabalho em estúdio.

O início do disco é com “Pusher Love Girl”, canção bem ao estilo Michael Jackson: não tão lenta para você ficar parado, mas nem tão rápida para você se perder. Além de ser bem longa, é muito exagerada em quase tudo, principalmente na execução do refrão – se fosse cortada pela metade, seria muito melhor. Na sequência temos “Suite & Tie”, que começa um pouco arrastada, porém eleva o nível e vira um bom R&B, mesmo com a participação de Jay-Z sendo pouco efetiva.

Em “Don't Hold The Wall” temos uma das boas do disco. Com vários elementos de diversos ritmos, como groove, música indiana, a duração fez a canção crescer e torná-la interessante e atrativa. Aqui, a participação discreta de Timbaland ajuda e dá força ao refrão, bem diferente de “Strawberry Bubblegum”, que é muito boba e com uma conotação sexual desnecessária – o que vale é a mistura entre o R&B e eletrônico, com toques de bossa nova na parte final. “Tunnel Vision” mantém o nível baixo do trabalho em mais uma que a duração poderia ter sido cortada pela metade.

Nada parece continuar bom, e “Spaceship Coupe” mostra bem isso. O problema nem é ser muito melosa e cheia de romantismo, o problema é o excesso de tudo: desde clichês baratos até a duração. Sério que são necessários mais de sete minutos para demonstrar todo amor por uma mulher? O Ramones fez isso, e bem, com muito menos da metade do tempo. “That Girl” tem uma coisa meio James Brown e é até mais agradável do que a sequência de três canções ruins que o álbum teve.

Com o sampler de "Alhamdulillaahi", do disco Explore Series: Africa-Burkina Faso: Rhythms of the Grasslands, “Let the Groove Get In” é o ponto mais alto de The 20/20 Experience. A mistura do pop, R&B com batidas africanas, e isso deu muito certo, e construiu uma canção muito acima das outras, e tudo funciona muito bem. O disco cresce na parte final, e “Mirrors”, inspirada na mulher de Timberlake, Jessica Biel, é bem interessante, e os elementos usados em FutureSex/LoveSounds, o apelo pop, ritmo e interpretação, estão de volta. “Blue Ocean Floor” encerra o disco e é a primeira faixa mais profunda e reflexiva de todo trabalho. Com a sensação de que parte da melodia está sendo tocada ao contrário, ela é interessante e até poética.

Justin Timberlake e Timbaland perderam um pouco a mão na vontade de fazer um trabalho épico e ousado. Exagerado em algumas partes, The 20/20 Experience não é lá uma experiência muito agradável em pouco mais de 70 minutos de audição. Muito irregular, o disco peca pelo exagero em algumas partes e pelas letras ruins – às vezes, só a melodia se destaca. Existem pontos altos, como a mistura de ritmos e a tentativa de fazer algo diferente, mas o terceiro álbum do cantor é muito abaixo do esperado. Focar na carreira de ator, hoje, é muito mais negócio para o ex-N’Sync.

Tracklist:

1 - "Pusher Love Girl"
2 - "Suit & Tie" feat. Jay-Z
3 - "Don’t Hold the Wall"
4 - "Strawberry Bubblegum"
5 - "Tunnel Vision"
6 - "Spaceship Coup"
7 - "That Girl"
8 - "Let the Groove Get In"
9 - "Mirrors"
10 - "Blue Ocean Roar"

Nota: 2/5

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