Livro: Neil Young – A Autobiografia

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Neil Young é um cara estranho. Cheios de projetos, ele construiu uma áurea em torno de si pelo que fez, e pelo que ainda faz, com sua obra – solo, com a Buffalo Springfield, com o Crosby, Stills, Nash e Young e com a Crazy Horse. Mas o guitarrista canadense também é interessado em tecnologia, trens e carros antigos, além de demonstrar um imenso amor pelos filhos e por Pegi, sua mulher. Misture tudo isso e teremos Neil Young – A Autobiografia.

O livro não é dos mais fáceis, por isso é aconselhável você conhecer bem a trajetória de Young antes de ler o livro. Ter acesso fácil à internet também é bom, já que será inevitável você ver nomes de pessoas pouco conhecidas do grande público. Talvez você estranhe um pouco a confusão no livro, já que não há uma ordem cronológica, e os assuntos vêm e vão.

Depois de tudo isso, é bom você ter um pouco de paciência. Assim como seus trabalhos, o livro de Young é denso, mas com muito amor. É quase um diário. Em quatro meses em que li o livro, me peguei pensando como é difícil ser alguém famoso. Por exemplo: ele é pai de dois garotos que têm paralisia cerebral, então não deve ser uma vida fácil. Mas Neil tem um amor gigante por esses meninos e sempre trabalha para melhorar a vida deles. Em um trecho muito emocionante, ele cita que deseja ver Ben Young ir ao mar outra vez.

Também há muitos devaneios e questionamentos sobre a vida. Como bom hippie que ele é, ele vive relembrando o passado, vivendo o presente e pensando no futuro. Não deve ser fácil pensar como Young.

Se você espera um livro com muitos causos do rock, esqueça. Tudo é tratado com naturalidade pelo guitarrista de 67 anos. Ele prefere falar da vida, do gosto por trens elétricos de brinquedo (ele próprio os monta), por carros antigos (ele tem uma coleção de Cadilacs e cada um tem um nome, e representa alguma coisa ou período da vida dele), por tecnologia (ele trabalha em um programa que melhora a qualidade das canções, e inspirou este texto, e trabalha no projeto de um carro elétrico), por viajar (ele ainda escolhe um carro e vai passear pelos Estados Unidos). Enfim, ele prefere falar sobre o que está fazendo, ou do que deseja fazer, do que falar do passado.

Mas há algumas boas histórias sobre o rock, suas bandas, a carreira solo, suas mulheres e como chegou neste exato ponto da vida. Ele também relembra amigos que estão por aí, como Bob Dylan, e amigos que partiram – muitos deles nos anos 1970, por causa das drogas; ou recentemente, por problemas de saúde. E, para ele, todos são extraordinários e legais.

Não espere um livro como o de Eric Clapton ou o de Ozzy Osbourne. Espere um diário sincero de um cara que passou por muita coisa. Se você quer conhecer o roqueiro Neil Young, abrace seus discos e ouça-os até cansar. Se você quer conhecer o homem, quem está por trás de tudo isso, leia o livro. É bom saber que Young está disposto a dividir coisas que nem imaginávamos. É bom saber que ele tem medo, receios, mas sonha, quase aos 70 anos, em ser uma pessoa melhor. Obrigado pela leitura, Neil.

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