Cinco resenhas curtas de discos #2

Dois discos nacionais e três internacionais no segundo post da seção


Alice Caymmi – Alice

Alice Caymmi parece ser a herdeira do tipo de música que Maysa (1936-1977) fez ao longo da carreira – a chamada música de fossa. Com dois trabalhos lançados, ela ficou conhecida em Rainha dos Raios (2015), quando entregou ótimas interpretações (incluindo aí "Meu Mundo Caiu", clássico de... Maysa). Em Alice, disco com menos de 30 minutos, ela retorna com a intensidade que a fez conhecida. Apesar de ser um disco bom, é menos brilhante do que o anterior. Dá para destacar "Vim", "Inimigos" (com participação do ótimo Rincon Sapiência) e "Agora" como as melhores do registro.

Avaliação: bom


El Efecto - Memórias do Fogo

Formado em 2002 no Rio de Janeiro, o El Efecto tem um bom trabalho ao abordar temas sociais em suas letras. Mas, além disso, a banda mistura diversos gêneros, estilos e referências musicais em seus álbuns. Por exemplo, "Café", primeira faixa de Memórias do Fogo, traz uma mistura de Secos e Molhados com certo peso na guitarra – é um lado artístico para ser notado por todos. Também tem samba ("Carlos e Tereza"), o arranjo trabalhado de maneira bem delicada ("O Monge e o Executivo), presença muito forte do vocal feminino ("Chama Negra"), um quê religioso misturado com música popular brasileira e ritmos africanos ("Trovoada") e uma pegada bem hardcore para encerrar ("Incêndios). É um álbum que encaixa todas essas ideias e dá sentido a tudo isso.

Avaliação: muito bom

Veja também:
Cinco resenhas curtas de discos #1



Kacey Musgraves – Golden Hour

Kacey Musgraves é um dos símbolos do novo country americano. Apesar de o gênero estar em crise e não haver nomes bons o suficiente para substituir os velhos – Willie Nelson, 84, que o diga. Mas a cantora não é afetada como alguns dos recentes sucessos, então Golden Hour acaba sendo um bom álbum em que ela flerta bem entre o pop e o country com bons acréscimos de outros elementos ao longo de pouco mais de 45 minutos. "Slow Burn", "Love Is a Wild Thing", "Space Cowboy", "Wonder Woman" e "Rainbow" são os destaques do trabalho.

Avaliação: muito bom


Mount Eerie – Now Only

Um disco pode causar sensações diferentes em audições distintas em dias diferentes. Quando ouvi Now Only pela primeira vez, achei chato e arrastado, mas como o normal por aqui é ouvir mais de uma vez, dei outra chance. E assim consegui ir descobrindo nuances, prestando atenção em elementos não ouvidos da primeira vez. Foram quatro vezes do início ao fim para conseguir ter uma opinião formada: é um disco bonito, mais falado do que cantado e com mensagens para se prestar atenção. Entenderei se você não gostar, porém recomendo ouvir com calma. "Distortion", "Earth" e "Crow, Pt. 2" são os destaques.

Avaliação: muito bom


Hot Snakes – Jericho Sirens

Muitas bandas veteranas estão voltando após longos períodos de inatividade. Uma delas é o Hot Snakes, sem um trabalho de inéditas desde 2004. Jericho Sirens não decepciona em nenhum momento se sua praia musical é guitarras muito altas, letras gritadas e muita força nos instrumentos – em resumo, o bom e velho hardcore. Tão importante quanto o retorno, é saber que a banda agora é um quinteto com ainda mais peso, como em "I Need a Doctor". Curto, com pouco mais de 30 minutos, não dá para destacar apenas uma faixa. Então, recomendo ouvir o disco inteiro.

Avaliação: ótimo


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