Crítica: Neil Young - Chrome Dreams

Desde o início da série "Neil Young Archives", Neil Young faz a festa de fãs, críticos e especialistas na obra ao disponibilizar discos, shows, extras e tudo mais que qualquer colecionador deseja ter para completar o extenso catálogo do músico canadense. Aos 77 anos e, gradualmente, voltando às atividades nas apresentações ao vivo, ele segue firme e cavando ainda nas antigas fitas em busca de mais material.

O mais recente é "Chrome Dreams" que, como muitos outros projetos nos anos 1970, acabou engavetado por uma série de motivos. Porém, as músicas foram lançadas aos poucos nos discos seguintes e, espalhadas, nunca tiveram a chance de fazer parte do mesmo trabalho. Mas agora isso acabou, começando pela "nova" versão de "Pocahontas", gravada pela primeira vez para "Hitchhiker", de 1976 e só lançado em 2017, e presente oficialmente, com overdubs, em "Rust Never Sleeps", de 1979. Aqui, a faixa surge em uma versão muito crua e ainda mais bonita.

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A balada "Will to Love" é permeada pela simplicidade nos arranjos e no discreto vocal de apoio, que complementa bem o trabalho de Young em fazer uma declaração de amor. E também começa uma sequência de músicas presentes no állbum "American Stars 'n Bars", de 1977. Depois vem "Star of Bethlehem", presente em "Homegrown", disponibilizado pela primeira vez em 2020, em uma versão com uma longa parte instrumental.

Parte da leva de letras escritas quando estava com problemas vocais causados pelo excesso de drogas ("You are like a hurricane/ There's calm in your eye/ And I'm getting blown away/ To somewhere safer where the feeling stays/ I want to love you but I'm getting blown away"), "Like a Hurricane" coloca na mesa o Young guitarrista, conhecido pelos longos solos melancólicos, presentes aqui.

Na questão da primeira gravação e aparição em um álbum, "Too Far Gone" só foi "estrear" em 1989, em "Freedom", e interrompe a sequência do álbum de 1977. Aqui, curta e simples, tem no bandolim o trunfo para diferenciá-la das outras e "Hold Back the Tears" traz uma canção de "American Stars 'n Bars" novamente, sendo essa a primeira versão — crua, só no violão — antes da regravação para o álbum, que fecha a "participação" com "Homegrown".

"Captain Kennedy" aparece com influência da música tradicional da América do Norte, baseada no violão e em histórias que passavam de povoado para povoado. Presente em "Hawks & Doves", é uma das faixas que comprova a excelência de Young em ser um bardo solitário cheio de letras e melodias prontas para ganharem vida. E "Stringman", que demorou mais tempo para ganhar vida ao aparecer só acústico lançado em 1993, aqui é uma balada só no piano de ritmo sereno e delicado.

Os hits "Sedan Delivery" e "Powderfinger", de "Rust Never Sleeps", aparecem em uma sequência matadora de pura força e talento de um dos músicos mais importantes do século XX — a segunda é mais uma da leva de "Hitchhiker". O disco encerra com uma versão profundamente bonita de "Look Out for My Love", de "Comes a Time", de 1979 ("Look out for my love/ It's in your neighborhood/ I know things are gonna change/ But I can't say bad or good, no").

"Chrome Dreams" é a prova de que Neil Young foi um dos artistas de material mais forte e relevante dos anos 1970, com um trabalho cheio de músicas ótimas. Caso tivesse sido lançado como gravado e planejado, seria um dos melhores discos da carreira do guitarrista.

Tracklist:

1 - "Pocahontas"
2 - "Will to Love"
3 - "Star of Bethlehem"
4 - "Like a Hurricane"
5 - "Too Far Gone"
6 - "Hold Back the Tears"
7 - "Homegrown"
8 - "Captain Kennedy"
9 - "Stringman"
10 - "Sedan Delivery"
11 - "Powderfinger"
12 - "Look Out for My Love"

Avaliação: ótimo

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