Monterrey Pop Festival foi marco contracultura e do Verão do Amor


Há 50 anos, festival tinha início e apresentaria Janis Joplin e Jimi Hendrix aos Estados Unidos

Nesta sexta-feira (16), o Monterrey Pop Festival completa 50 anos de sua histórica edição. Acabou sendo uma época única, refletindo em como a população encararia a década seguinte – de Jimi Hendrix a Charles Manson, da Guerra do Vietnã a eleição de Richard Nixon como presidente pouco tempo depois.

Em artigo para o L.A Times, o jornalista Randy Lewis afirma que o histórico evento foi o modelo que definiu os anos seguintes dos festivais da música – incluindo nisso Woodstock, realizado dois anos depois e, coincidentemente, também de grande repercussão nas décadas seguintes. Não é para menos. O festival reuniu o hoje considerado elenco de peso Mamas & the Papas, Simon & Garfunkel, Jefferson Airplane, Byrds, Grateful Dead, Jimi Hendrix, The Who, Ravi Shankar, Buffalo Springfield, Otis Redding e Big Brother and the Holding Company, a primeira aparição de Janis Joplin em algo deste tamanho – aliás, a BBHC foi a única a tocar em dois dias (falei disso no vídeo sobre o documentário sobre a cantora).

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"Até hoje, essa programação do Monterey em 1967, é insuperável", disse Paul Tollett, o criador de Coachella, do Desert Trip e da homenagem aos 50 anos do evento, ao L.A Times. "Você tem que ter um filtro [para selecionar as atrações], e o filtro do Monterey foi um dos melhores na história dos festivais de música. Praticamente tudo foi ótimo", completou.

O festival apresentou aos Estados Unidos Jimi Hendrix e Janis Joplin, fundamentais para entender o Verão do Amor e toda cultura pop do fim dos anos 1960. Diferente da maioria dos números musicais, os dois tinham algo diferente. Hendrix fazia malabarismos inacreditáveis com a guitarra sem o menor esforço, mostrando uma habilidade absurda com o instrumento. E Joplin, a tímida garota texana que havia abandonado sua terra natal, mostrando todo seu potencial vocal e sensualidade para cantar o blues arrancado de dentro de sua alma. Ambos chocaram parte do público, enquanto outra ficou encantada com tudo nos dois – das roupas ao estilo no palco.



O evento foi organizado em apenas sete semanas pela The Foundation, grupo liderado pelo músico e líder do Mamas & the Papas John Phillips (1935-2001) e pelo produtor Lou Adler e nasceu de um papo entre os dois com o então beatle Paul McCartney. Os três tinham a mesma opinião: a música pop ainda não tinha aberto caminho para um festival semelhante aos de jazz, por exemplo. Em acreditar no poder da música para mudar o mundo, eles assumiram a organização de um evento que nasceu para ser de jazz, mas mudou completamente quando Adler e Phililips colocaram seus planos para funcionar.

Os dois conseguiram fechar um especial para a rede de TV ABC com um resumo dos três dias. O festival seria filmado pela equipe do diretor D.A. Pennebaker a um custo quase US$ 130 mil pelos três dias, mas, procurados pela emissora, nenhum patrocinador quis ajudar a bancar os custos da filmagem e o projeto foi abortado. Um ano e meio depois, Pennebaker lançaria o documentário Monterey Pop, pedra fundamental para filmagens de shows nas décadas seguintes.



O Monterey Pop Festival mudou completamente a cultura dos Estados Unidos em diversos aspectos. Culturalmente e politicamente, o país não seria mais o mesmo após o Verão do Amor. Aquela geração atingiu um novo nível de ativismo e todos, em diversos aspectos, buscavam a própria liberdade – nas roupas, no sexo, nas drogas e/ou na música. Essas transformações sociais iam no lado completamente oposto da política externa do país, focada na interminável Guerra do Vietnã (1955-1975).

Depois disso tudo, viria Charles Manson com seu culto, Richard Nixon atacando os hippies e os protestos antiguerra durante a campanha e quando assumiu o posto de governador da Califórnia. Mas o Verão do Amor deixou marcas inconfundíveis na cultura pop, a começar pelas históricas apresentações de hoje nomes gigantes na música mundial.







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