Livro: Como Steve Jobs virou Steve Jobs, por Brent Schlender e Rick Tetzeli (2015)


Jornalistas tão tom pessoal ao tratar da história do cofundador da Apple

Há dez anos, em um 9 de janeiro, Steve Jobs (1955-2011) mudava a indústria de tecnologia ao concluir seu mais ambicioso plano de trabalho no segundo retorno à Apple, em 1997. O primeiro iPhone definitivamente a colocava de volta à dianteira da inovação após anos de crises, perdas de dinheiro, CEOs desastrosos e produtos pouco rentáveis. Isso só aconteceu pelo fato de Jobs voltar mais maduro depois de ter sido demitido da própria empresa no fim dos anos 1980.

Como Steve Jobs virou Steve Jobs (480 págs, Ed. Intrinseca, R$ 30 em média) trata de contar essa conhecida história, mas com um viés diferente. Se Walter Isaacson é um jornalista que virou amigo ao longo dos últimos anos de vida, e por isso ganhou a missão do próprio Jobs de escrever a biografia oficial, Brent Schlender convivia com o CEO e seu o circulo íntimo desde o início dos anos 1980.

Basicamente, os dois contam a mesma história, mas, neste livro, o viés pessoal é colocado para acrescentar material. Schlender não só era amigo de Jobs, mas alguns de seus mais famosos concorrentes – e inimigos pessoais em muitos casos. Jornalista experiente do Vale do Silício, ele conseguiu entrar no círculo íntimo do cofundador da Apple, sendo chamado muitas vezes para simplesmente "dar uma passada lá para ver Laurene (Powell Jobs, mulher de Steve) e as crianças". Fora o vasto material que ele próprio produziu para o 'The Wall Street Journal' e a revista 'Fortune', publicações que trabalhou ao longo dos anos cobrindo as empresas cada vez maiores daquela região da Califórnia.

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Schlender aponta um Jobs antes e depois da compra da Pixar. Antes, o empresário acreditava cegamente que microadministrar setores era fundamental para o sucesso – o primeiro computador pessoal da Apple surgiu desse tipo de comando. Depois de a empresa sair da garagem e passar a ser administrada por "adultos", a coisa pegou. Nem mesmo o impacto do primeiro Macintosh no mercado sensibilizou o conselho, que optou por unanimidade em demiti-lo depois de vários problemas. Ele fundou a NeXT logo depois, mas não teve o mesmo sucesso – a empresa acabou sendo comprada pela própria Apple anos depois.

Como presidente da empresa de animação, Jobs aprendeu que a criatividade estava acima de qualquer ordem ou ideia vinda de cima. Ele tornou-se um empresário e gestor melhor usando esse modelo, e por isso é muito elogiado pela segunda equipe de trabalho na Apple – a que tirou a empresa de um limbo financeiro e melhorou substancialmente a imagem velha. Em seu retorno, ele aproveitou projetos em andamento e, com ajuda de sua equipe, os reformulou e entrou para a história com as criações do iPod, iTunes, iTunes Store, iPhone e o iPad. Graças ao amadurecimento, ele virou um líder melhor, pronto para fazer história - exatamente seu desejo ao aliar-se com Steve Wozniak, o outro cofundador da empresa de tecnologia.

Com ajuda de Rick Tetzeli, Schlender traz suas observações pessoais sobre Jobs e como aquela comunidade de geeks revolucionou a computação pessoal ao longo de mais de 30 anos. Ele não foge de criticar vários procedimentos do CEO ao longo da vida, nem de apontar exatamente quem Jobs odiou ao longo dos anos. A rivalidade com Bill Gates é largamente citada, principalmente pelo domínio da Microsoft nos anos 1990. O jogo só viraria para Apple no início dos anos 2000, quando virou uma marca cult para os jovens. Além de Gates, Tim Cook, atual CEO da Apple, e outros nomes de sucesso na indústria de tecnologia dão depoimentos frescos sobre a relação de trabalho e pessoal com Jobs ao longo dos anos.

Como Steve Jobs virou Steve Jobs mostra como alguém de pavio curto e um "perfeito idiota", como muitos que trabalharam com ele nos anos 1980 o definiam, amadureceu e virou o grande CEO inovador e cultuado no início do século 21.

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