Documentário: Mr. Dynamite – The Rise of James Brown, de Alex Gibney (2014)


Cantor é parte fundamental para entender os anos 1950 e 1960

James Brown (1933-2006) foi o Rei do Soul, o homem que inventou o funk, o primeiro a inserir um show de variedades antes da sua apresentação, o homem que comandava a banda Famous Flames com mão de ferro e lenda que fazia uma apresentação insana e performática com mais de duas de duração. Esse homem é retratado no documentário Mr. Dynamite – The Rise of James Brown, dirigido e escrito por Alex Gibney.

O longa mostra a vida dura de Brown até o sucesso. Sem perspectiva de sair de Atlanta, na Georgia, ou de conseguir algo melhor, acabou colocando na cabeça que o trabalho duro na música renderia alguma coisa. Mas eram outros tempos, e a segregação era forte no estados do sul. Por exemplo, era impossível que um cantor ou cantora negro estivesse nas principais paradas de sucesso – eles sempre estavam no R&B.

Brown é um exemplo de determinação, e fez o caminho natural ao começar como vocalista de um grupo gospel. Quando conseguiu o primeiro sucesso, a tocante e performática "Please, Please, Please", ainda demorou mais três anos para o próximo sucesso – "Try Me". O mais interessante do documentário são as imagens de arquivo do início da carreira do cantor, muito antes dos sucessos. Ele explodiu para o grande público quando o LP ao vivo Live at the Apollo mostrou ao mundo o poder de um show de James Brown. Sendo uma inspiração – beirando um roubo de alguns dos passos de dança – para Mick Jagger.


Disso em diante, ele e a banda não pararam mais de trabalhar. James Brown estava determinado a fazer a diferença e a ser rico, mesmo que isso o levasse a tomar algumas decisões contra os outros. Por exemplo, quando o os membros do Famous Flames mandaram a ele uma carta exigindo melhores salários e condições de trabalho, ele não teve dúvida: entrou em contato com um conhecido, todos os insatisfeitos foram demitidos e ele formou uma nova banda, que o ajudaria a construir as bases dos clássicos "Get Up (I Feel Like Being a) Sex Machine" e "The Payback". Aliados ao sucessos de "I Got You (I Feel Good)" e "It's a Man's Man's Man's World", James Brown ficaria mais conhecido do que nunca no mundo a partir dos anos 1970.

Os depoimentos ajudam a construir a imagem de um trabalhador e de alguém que se comprometeu profundamente em ajudar os negros no final dos anos 1960, quando os protestos pelos direitos civis estavam tomando conta dos Estados Unidos. O single "Say It Loud – I'm Black and I'm Proud" veio dessa época. Uma falha do longa é apenas mostrar por cima que Brown tinha tendência a ser extremamente agressivo com mulheres, chegando a bater em algumas delas. As poucas críticas acabando criando um ar de endeusamento desnecessário do cantor, mas, fora isso, vale a pena assistir e conhecer um pouco da história de quem mudou a música americana para sempre.

Documentário foi transmitido pelo Canal Bis no último domingo (22). As reprises acontecem nesta terça-feira (24), às 13h, e sexta-feira (27), às 7h.



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