Resenha: Michael Jackson – Xscape


Michael Jackson morreu em 25 de junho de 2009, próximo de estrear sua turnê mais ousada em anos, chocando fãs e a crítica musical. Menos de dois anos depois, a família, querendo ganhar seu troco as custas do morto, lançou o bizarro e horroroso Michael, certamente o pior trabalho lançado por algum Jackson. Neste ano, prometeram melhorar o trabalho em Xscape, o segundo álbum póstumo de uma das lendas da música pop.

Com a participação de Justin Timberlake, "Love Never Felt So Good" é cheia de ritmo e tem um bom refrão, e é uma pena que ele não esteja aqui para cantá-la. Por outro lado, se é uma sobra de estúdio, fica claro que ele não queria vê-la em qualquer um de seus trabalhos. Ainda assim, é acima da média de qualquer coisa que qualquer cantor ou cantora pop tenha feito recentemente.

Já "Chicago" lembra muito o período pós-Thriller, em que Jackson tentou bancar o machão. Está longe de ser algo que entraria em qualquer disco bom dele, mas o que uma boa produção não faz, né? E se "Loving You" também é cheia de potencial e merece atenção até de quem não é fã, não é superior quando se ouve os primeiros acordes de "A Place with No Name", anteriormente conhecia como “A Horse with No Name”. Uma pena o peso exagerado na produção, porém vale muito a pena por tudo que ela é – uma das melhores canções do pacote póstumo.

Lembrando o bom e velho Michael, "Slave to the Rhythm" é dançante ao extremo e parece ser feita para iniciar os shows que nunca acontecera,. A letra parece ter sido escrita há 30 anos, porque não condiz com as condições do mundo atual, por isso até pinta uma lembrança da fase Bad. "Do You Know Where Your Children Are" tenta soar moderna, mas o efeito ao fundo destrói a chance de um potencial sucesso. Uma pena, porque ela é boa e poderia ter ganhado outro tratamento.

Mais uma que parecer ter sido extraída do final dos anos 1980, “Blue Gangsta” tem peso e medida certa que Jackson usou naquela época: toda faixa tem um início estrondoso e tende a virar um épico – muito graças a interpretação e ao trabalho intenso de músicos e dos vocais de apoio. A faixa-título do trabalho ganhou uma versão funk dos anos 1970, encerrando muito bem o disco.

De forma geral, Xscape é melhor do que qualquer coisa que Michael Jackson lançou nos anos 1990, o que, convenhamos, não é muito difícil. Apesar de um exagero aqui e ali, esse álbum é muito melhor que o pavoroso Michael. É um álbum digno e que deve colaborar no sustento da família Jackson por mais um tempo – ou até o lançamento do próximo disco póstumo.

PS: a versão deluxe tem as versões demo que Jackson deixou guardadas. Escutem, é uma ordem.

Tracklist:

1 - "Love Never Felt So Good"
2 - "Chicago"
3 - "Loving You"
4 - "A Place with No Name"         
5 - "Slave to the Rhythm" 
6 - "Do You Know Where Your Children Are"
7 - "Blue Gangsta"   
8 - "Xscape" 

Nota: 3/5



Veja também:
Resenha: Neil Young – A Letter Home
4 em 1: Graveola, The Chain Gang Of 1974, The Hidden Cameras e Big Head Todd & The Monsters
Resenha: Black Keys – Turn Blue
Resenha: Lily Allen – Sheezus
Resenha: Damon Albarn – Everyday Robots
4 em 1: 311, William Fitzsimmons, Mark McGuire e Holy Wave


Comentários