Resenha: Black Keys – Turn Blue


O Black Keys não tem medo de ser feliz, pelo menos quando o assunto é lançamento de disco. Até o sucesso estrondoso de El Camino, o duo lançou sete discos menos de dez anos – número um tanto assombroso para os padrões de qualquer músico atual. A turnê mundial fiz o intervalo entre o último álbum e Turn Blue, lançado há poucos dias, ser o maior de todos, e o público precisou esperar três anos até um novo trabalho de inéditas sair.

O início de "Weight of Love" traz muito do blues-rock-psicodélico dos anos 1960 e 1970, e o vocal só aparece com mais de dois minutos. Não sei se há novas referências ou se é a questão do amadurecimento musical, mas há um indício de que o Black Keys pretende diminuir seu ritmo, diferente do último (e agitado) trabalho. É uma boa canção.

"In Time" mantém essa baixa rotação, e o dedo de Danger Mouse na produção é mais visível. Aqui vemos uma evolução do que eles fizeram no último disco – efeitos, solos, vozes duplicadas e muito ritmo, sem dúvida. O blues retorna "Turn Blue", ficando mais claro o tom de melancolia adotado por Dan Auerbach e Patrick Carney neste disco específico.

O que o público espera aparece apenas na quarta música, no single “Fever”. Imagino que parte do desapontamento de muitos seja a demora da banda em mostrar o que sabe, porque quando aparecem no velho estilo, eles são muito bons. Não é de graça que “Fever” está fazendo sucesso. O início de "Year in Review" lembra muito algo latino, depois eles voltam ao ritmo de sempre, mas não é uma faixa significativa do ponto de vista musical. Não há erros na produção e na técnica, porém ela não tem nada que chame atenção.

Sexta canção, "Bullet in the Brain" traz vários elementos, deixando tudo mais experimental – imagino que os fãs recentes da banda não tenham gostado tanto, mas é uma boa ver que eles estão tentando fazer algo diferente do habitual, mesmo em uma faixa mediana. A força de "It's Up to You Now" está na bateria de Carney, que dita todo ritmo. O final dela é quase um funk dos anos 1970, causando boa impressão.

A melhor tentativa em fazer algo próximo do pop de rádio está na leve e inofensiva "Waiting on Words", que mescla violão, guitarra e uma bateria suave. Está claro que ela será usada, entre um agito e outro, para acalmar o show. O Black Keys volta ao que faz de melhor em "10 Lovers", outra que poderia ter entrado em El Camino, mas peca por não abusar dos recursos. Mais crua e seria excelente.

O blues rock retorna na ótima "In Our Prime", uma das boas músicas lançadas no primeiro semestre. Também acima da média está "Gotta Get Away", que tem um bom início e consegue seguir assim – ela tem potencial de single pela força do bom refrão – até o final nem agitado, algo incomum nos atuais padrões musicais.

Disse no Twitter, logo após a primeira audição de Turn Blue, que o disco era mediano. Em parte é, mas algumas canções se sobressaem. O que chama atenção é a mudança de direção do duo, apostando na mescla entre leveza, peso e psicodelia, algo diferente do álbum que os levou ao sucesso. Se você conheceu o Black Keys há três anos, odiar o disco será seu mantra até o fim dos tempos. Mas se você gosta de blues rock, não haverá arrependimentos em ouvir esse álbum.

Tracklist:

1 - "Weight of Love"
2 - "In Time"
3 - "Turn Blue"
4 - "Fever"
5 - "Year in Review"
6 - "Bullet in the Brain"
7 - "It's Up to You Now"
8 - "Waiting on Words"
9 - "10 Lovers"
10 - "In Our Prime"
11 - "Gotta Get Away"

Nota: 3/5



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