Resenha: Johnny Marr - The Messenger


Pela posição que Morrissey ganhou ao longo dos anos, o excelente guitarrista Johnny Marr ficou em segundo plano – tanto nos Smiths, quanto no momento em que partiu para carreira solo quando o maior grupo inglês dos anos 1980 resolveu encerrar suas atividades.

E se o vocalista, provocador e defensor dos animais escreveu um livro em que fala de tudo e de todos, Marr colocou no mercado The Messeger, seu primeiro trabalho em que assume que é um artista solo, grande fato se considerarmos que ele demorou 26 anos para fazê-lo. Sem banda de acompanhamento ou qualquer outra coisa do tipo, ele parece pronto para mostrar que está seguindo em frente melhor do que o ex-companheiro.

Canção que abre os trabalhos, “The Right Thing Right” mostra força logo de cara. O início já mostra que o guitarrista aposta em um álbum feito em cima de boas melodias e letras fáceis – o que não é ruim. Com uma cena musical tão rica nos anos 1970 e 1980, é impossível não se lembrar do punk em “I Want the Heartbeat”, faixa rápida e rasteira como o melhor do estilo.

Já “European Me” lembra algo mais britpop, algo mais Smiths. Delicada, acústica e soa como um recado a alguém, enquanto “Upstarts” é simples, mas parece que falta alguma coisa para a faixa embalar. Uma pena, porque o potencial era enorme. Potencial que não é desperdiçado na excelente “Lockdown”, momento em que qualquer um pode tirar para aprender como fazer uma boa melodia. A etérea “The Messenger” usa um pouco do recurso do sintetizador para dar o tom, nem por isso ela deixa de chamar atenção pela qualidade, beleza e pelo belo solo de guitarra na parte final. A radiofônica “Generate! Generate!” tem aquela fórmula de refrão fácil para cantar ao vivo e acompanhamento simples, porém é o suficiente para agradar, e muito, ao ouvinte.

Mais longa de todo álbum, “Say Demesne” é a que menos vai ao encontro da proposta do disco como um todo. Como é mais extensa do que as outras, ela acaba sendo melhor trabalhada e, no conjunto, é uma bela canção. Se “Sun And Moon” tem um pouco de tudo que já foi feito no disco, “The Crack Up” se sobressai por ser dançante e animada. Mas o melhor foi deixado para o final, e a grande canção é a penúltima faixa, chamada “New Town Velocity”, uma balada muito boa. Aqui, Marr mostra todo seu poder para compor uma grande canção pop. Outra excelente faixa, “Word Starts Attack” encerra em um nível muito alto.

O primeiro disco solo de Johnny Marr mostra que ele está pronto para utilizar o passado glorioso a seu favor em sua jornada como compositor, guitarrista de vocalista de seu próprio trabalho. Há todo tipo de referência da música feita na Inglaterra nos últimos 30 anos, e isso também é interessante pelo fato de ele deixar se influenciar na construção de The Messenger, o primeiro de, espero, bons trabalhos de Marr.

Tracklist:

1 - "The Right Thing Right"
2 - "I Want The Heartbeat"
3 - "European Me"
4 - "Upstarts"
5 - "Lockdown"
6 - "The Messenger"
7 - "Generate! Generate!"
8 - "Say Demesne"
9 - "Sun And Moon"
10 - "The Crack Up"
11 - "New Town Velocity"
12 - "Word Starts Attack”

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