Resenha: Arctic Monkeys – AM


Toda banda precisa mudar um pouco sua sonoridade, se não fica refém de um estilo. Sim, os fãs vão adorar, mas aposto que ninguém quer atingir apenas um tipo de pessoas – com raras exceções, claro. O Arctic Monkeys começou com tudo em Whatever People Say I Am, That's What I'm Not e Favourite Worst Nightmare, dois dos melhores discos do século 21, e provou aos desesperados por notícias do rock que ele estava são e salvo.

O terceiro álbum foi para marcar o território conquistado ainda na juventude, e Humbug dividiu opiniões da crítica e dos fãs. Uns gostaram da influência de Josh Homme, líder do Queens of the Stone Age, no grupo; outros detestaram e pediram a velha banda de volta. Suck It and See, quarto trabalho, colocou a banda entre as grandes de sua geração com um álbum completo no maior sentido das duas palavras. O céu era o limite? Talvez.

Na minha cabeça, ainda é surpreendente que uma banda lance álbuns e mais álbuns em um curto espaço de tempo, e o Arctic Monkeys, com um incansável Alex Turner, tratou de surpreender e anunciar o lançamento de AM, quinto trabalho de estúdio da banda natural de Shefield, Inglaterra. Mais uma vez, Homme foi convidado, e eles optaram por gravar em Los Angeles mais uma vez.

O início de “Do I Wanna Know” é muito lindo. Suave, a trilha segue até a voz de Alex Turner, meio Lou Reed, dar o tom da primeira faixa do álbum. A distorção da guitarra ao fundo trabalha muito bem dando suporte à melodia e ao coro, deixando tudo muito, muito bom. O segundo questionamento do disco vem na sequência, com “R U Mine”, lembrando o Arctic Monkeys de Humbug. Mais forte, mais adulta e agitada, a banda mostra que evolui muito desde os dois primeiros trabalhos.

“On For The Road” conta com a participação de Josh Homme e mostra-se uma canção leve e boa, mas não engrena de cara, enquanto “Arabella” é a primeira de algumas faixas que tem a cara do Queens of the Stone Age, o que não é ruim. Aqui, o Arctic Monkeys arrisca muito mais do que havia arriscado em toda sua carreira. O solo de guitarra na parte final é interessantíssimo.

Primeira mais dançante, “I Want It All” é um rock puro, e a voz com efeito de Turner coloca tudo mais para cima e mais animada. Já “No 1. Party Anthem” é balada que lembra o Arctic Monkeys dos primeiros discos. E é incrível como uma banda consegue fazer esse tipo de canção tão bem – é quase como pisar em nuvens ouvir as baladas desses ingleses. Outra balada primorosa, “Mad Sounds” é muito romântica e fará indies pelo mundo afora dançarem abraçadinhos com seus pares.

“Fireside” mistura rock e eletrônico, e o resultado é apenas satisfatório, e é outra canção que não engrena. Em “Why'd You Only Call Me When You're High?” é muito, muito boa por ser outro rock de primeira. Curto, simples e direto – é exatamente disso que o rock precisa.

Se “Snap Out of It” fosse cantada por Josh Homme, não sentiria a diferença. É tudo muito Queens of the Stone Age – desde a melodia até a voz adaptado para Turner, claro. Incrível como os Monkeys têm sido influenciados por um dos grandes nomes da música mundial atualmente. É uma letra muito boa, também.

“Knee Socks” também usa da fórmula da faixa anterior e é quase uma versão indie do QOTSA, o que não é de todo ruim. Aqui temos a segunda participação de Homme como backing vocal. Com John Cooper Clarke dando uma força, o Arctic Monkeys, depois de todo rock ‘n’ roll’, encerra AM com uma balada nebulosa/poema musicado chamado “I Wanna Be Yours”. É uma canção bem adulta e mostra que os meninos de Shefield estão crescidos.

Há mais de dez anos ouvimos falar do Arctic Monkeys e seu primeiro disco, colocado na internet, que fez um sucesso absurdo pelo mundo. Todo esse tempo, os quatro ingleses se colocaram como líderes de uma nova geração – atraindo muitos fãs, obviamente. Ouvindo a discografia da banda, existem vários experimentos e tentativas de mudar um pouco a sonoridade.

AM não é nota dez, nem nota um, mas um disco mais maduro que Humbug, por exemplo, em que a tentativa de mudar um pouco aconteceu. Suck It and See deu uma gama mais rock ao grupo inglês, enquanto este quinto trabalho de estúdio deixa o Arctic Monkeys mais adulto. Há canções que destoam, mas o resultado é muito positivo. Diria que o novo disco é a versão evoluída de Humbug com direção e foco, não apenas o mudar pelo mudar. AM é o início de uma caminhada longa em que a banda cresceu junto com os fãs. Por isso, não esperem mais uma música do tipo “Fluorescent Adolescent”. Esse disco é para o fã que cresceu junto com a banda.

Tracklist:
1 - "Do I Wanna Know?"
2 - "R U Mine?"
3 - "One for the Road"
4 - "Arabella"
5 - "I Want It All"
6 - "No. 1 Party Anthem"
7 - "Mad Sounds"
8 - "Fireside"
9 - "Why’d You Only Call Me When You’re High?"
10 - "Snap Out Of It"
11 - "Knee Socks"
12 - "I Wanna Be Yours"

 Nota: 3,5/5

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