Resenha: Deep Purple – Now What?!

Deep Purple– Now What!- 2013 front

Ao longo de mais de 40 anos de carreira, o Deep Purple fez trabalhos excelentes, mas não vinha com muito êxito em seus discos de estúdios mais recentes, que soavam preguiçosos e pouco eficientes. Oito anos se passaram desde o último trabalho de estúdio, chamado Rapture of the Deep. Nesse meio tempo, Jon Lord, ex-tecladista do grupo, morreu e os questionamentos sobre um possível fim da linha para o grupo foram inevitáveis.

Mas Now What?! não passa essa impressão, e isso fica bem claro nos primeiros acordes de “A Simple Song”, uma canção com início suave e com uma guitarra bem colocada, mostrando que o Deep Purple está pronto para impressionar e atrair uma nova geração de fãs, cansados de ouvir mais do mesmo nas rádios. Depois vem a força do teclado e a voz – sem a força de antes, claro – de Ian Gillan.

“Weirdstan” tem uma letra cativante, além de uma melodia que lembra os melhores momentos do hard rock. Na terceira faixa temos uma das melhores músicas da banda produzida nos últimos anos: “Out of Hand” tem o selo Deep Purple de qualidade, como batidas bem marcadas no teclado e um tema sombrio com toques de poesia, e um solo de guitarra matador de Steve Morse na segunda metade da canção.

Primeiro single, e com cara de rádio, “Hell To Pay” tem um refrão convidativo para cantar junto. Vai funcionar bem ao vivo, e já imagino o pessoal pulando e cantando. A guitarra entra com força em “Bodyline” e, unida com o teclado, dá cara a uma música bem legal, mas um pouco fora da proposta do disco.

Voltando à parte mais sombria, que é o principal tema de Now What?!, "Above and Beyond" tem um instrumental de um minuto e meio até a voz de Gillan entrar com uma delicadeza que só o tempo dá a um cantor. Aqui temos outra letra muito bonita, toda na primeira pessoa do singular, e cheia de referências.

“Blood From a Stone” começa bem sóbria e tranquila, mas cresce no refrão, e o grupo inteiro é destacado, cada um na sua característica – a música é controlada com maestria mesmo sem alguém na voz. Dividida em duas partes, “Uncommon Man” tem o instrumental que vai crescendo ao poucos até chegar ao ápice para, então, aparecer o acompanhamento. Bela canção.

Já em “Après Vous”, que deve funcionar bem ao vivo, a banda mantém a temática sombria e, assim como as anteriores, começa com um épico e vai evoluindo, mas está um pouco abaixo das outras. Como penúltima faixa, “All The Time In The World” é a faixa mais pop e radiofônica, e também é a mais fraca e com o refrão mais chiclete. Encerrando o disco, “Vincent Price” é muito eficiente na combinação riff e teclado – ela gerou um dos clipes mais legais do ano.

O Deep Purple é uma das poucas bandas dos anos 1960 que vêm sobrevivendo no louco mundo do showbiz. Com mudanças ao longo de quase 50 anos de história, o grupo não vinha fazendo bons trabalhos há, pelo menos, 17 anos – ou mais na visão de alguns, e eles pareciam sempre usar uma muleta para justificar os trabalhos ruins. Mas com pouco menos de uma hora, Now What?! soa como sopro de frescor na vasta discografia do grupo, e isso mostra que a carreira de Ian Gillan, Roger Glover, Ian Paice, Don Airey e Steve Morse está longe de um final. Bem produzido por Bob Ezrin, esse novo álbum soa até como um recomeço ao Deep Purple, que conseguiu aliar consistência, eficiência e letras boas como há muito não se via.

Tracklist:

1 – “A Simple Song”
2 – “Weirdistan”
3 – “Out of Hand”
4 – “Hell to Pay”
5 – “Bodyline”
6 – “Above and Beyond”
7 – “Blood from a Stone”
8 – “Uncommon Man”
9 – “Après Vous”
10 – “All the Time in the World”
11 – “Vincent Price”

Nota: 4/5

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=BEWYRRaxFhU]

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