Cohen, Dylan e Smith

Bob Dylan at Benicassim 2012

Muitas pessoas estão aposentadas quando passam dos 65 anos e tentam aproveitar ao máximo o que conseguiram juntar na vida. Outras estão doentes e passando por problemas, e não podem desfrutar o pouco que ainda têm pela frente. E ainda existe uma terceira via que segue trabalhando em coisas novas.

E é na terceira opção que vivem Bob Dylan, Patti Smith e Leonard Cohen. Em comum, eles continuam na ativa e estão por aí fazendo suas músicas, poemas e livros desde os anos 1960. Eles poderiam fazer como David Bowie, que fez um disco há dez anos e retornou neste ano com toda pompa e glamour (merecidos, claro).

O que os três têm em comum? São poetas, músicos, gênios, e estão sempre por aí, lançando coisas novas. Suas letras são intensas e carregadas de doses pessoais e, inevitavelmente, afetam a vida das pessoas pelo mundo.

Começando por Dylan. Diferente de Smith e Cohen, ele é um músico que virou poeta ao decorrer dos anos. Um livro que sempre falo, e recomento fortemente aos amigos jornalistas pelo trabalho incrível de apuração, é a biografia do cantor escrita por Robert Shelton. No Direction Home mostra claramente quem é o cantor. Acima de tudo, Shelton desmonta o mito e o transforma em homem, e mostra quem é ele de verdade. As letras ganharam outro sentido e virei ainda mais fã dessa lenda.

Falando de Smith, ela é um doce. Bem, seus discos são, pelo menos. O último, Banga, é excelente e está entre meus favoritos de 2012 e, diferente de Dylan, ela foi primeiro poeta, e só depois partiu para a música, mas segue lançando livros. O último é Só Garotos, uma autobiografia que tem como pano de fundo o romance com o fotógrafo Robert Mapplethorpe. Ainda não li, mas deve ser incrível.

Já Cohen é mais velho do que Smith e Dylan, e fará 80 anos em 2014. Chegou a se retirar dos palcos, mas, por conta de um golpe de seu antigo empresário, teve que voltar à ativa. E que volta. Old Ideas é um baita disco, altamente recomendável, e jeito dele falar a canção dá um toque todo especial ao disco, e é uma das obras primas de sua vasta discografia. Por ser mais poético que os outros, Cohen consegue transmitir melhor alguns pensamentos em suas músicas. Impossível não se identificar e pensar bastante em algumas letras.

Em comum, os três estão aí, na ativa, produzindo material, fazendo turnês, escrevendo, compondo, lançando coisas novas. Eles têm muita rodagem, mas não vivem apenas do que fizeram quando estavam no auge criativo. Talvez eles estejam no segundo auge da carreira, porque 2012 foi um ano mágico para eles. Ter o privilégio de ouvir os trabalhos novos dá uma sensação de frescor e um bom motivo para ouvir mais e mais. Vale a pena.

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