Resenha: Jack White - Blunderbuss


Após o final do White Stripes em 2011, Jack White não havia deixado claro qual seria seu futuro na música. Dono do selo Third Man Records, o guitarrista produziu inúmeros artistas ao longo do último ano, gravou algumas participações especiais e tocou com o Raconteurs, seu outro projeto paralelo, após três anos de pausa.

No início do ano, White lançou seu site oficial, a data de lançamento do álbum e o primeiro single, “Love Interruption”. E no dia 23 de março, saiu o aguardado primeiro disco solo dele, Blunderbuss.


O disco começa com “Missing Pieces”, meio blues, meio rock dos anos 1950 – quem viu o documentário It Might Get Loud (A Todo Volume no Brasil) sabe que essas são as principais referências de White na carreira. Em “Sixteen Saltines”, uma faixa mais pesada do que a anterior, o guitarrista traz a alma do White Stripes novamente à baila.

“Freedom at 21” conta a história de uma garota que pode ser tão liberta como qualquer homem e os versos “And she don't care about the things people used to do/She don't care that what she does has an effect on you/She's got freedom in the 21st century” comprovam isso. É o momento mais Dead Weather, o outro projeto de White, do disco.

O primeiro terço do disco é encerrado com “Love Interruption”, escolha certeira de primeiro single. Cantado com ajuda de uma de suas vocalistas, White deixa claro que nem só de barulho vive suas composições e esse bonito folk mostra isso. E também comprova seu talento para trabalhar com mulheres (Meg White, Alison Mosshart e Alicia Keys que o digam).

Melancólicas, a faixa que dá nome ao álbum e “Hypocritical Kiss” são duas baladas ao piano conduzidas com maestria por White. São faixas para ouvir com atenção – talvez sejam as composições mais bonitas do álbum. Também no piano, “Weep Themselves To Sleep” é mais agressiva do que as outras e é muito boa também.

Em “I'm Shakin'”, White resgata o rock and roll e a música negra dançante de 60 anos atrás. Outra música conduzida pelo piano, “Trash Tongue Talker” é outro rock, enquanto “Hip (Eponymous) Poor Boy” volta ao folk antigo – aquele mais contador de histórias do cotidiano. E White volta ao blues com “I Guess I Should Go to Sleep”.

Pela primeira vez, White explora um terreno diferente e escolhe “On and On and On” para mostrar que pode fazer algo fora de tudo que já fez e ele faz isso muito bem. Mais um ponto para ele. “Take Me with You When You Go”, a última faixa, é uma mistura de tudo e o primeiro verso (Take me with you when you go, girl/Take me anywhere you go/I've got nothin' here but me, baby/Take me with you when you go) é capaz de ganhar o ouvinte.

Jack White sempre deixou claro o que queria da música: experimentar sem perder suas referências e Blunderbuss é exatamente o que ele mostrou ao longo dos últimos 12 anos. Cada vez que o disco é ouvido, ele ganha novas cores e fica cada vez melhor. E, agora de azul, White mostra que ainda é uma das grandes referências da nova geração.

Tracklist:

1. "Missing Pieces"
2. "Sixteen Saltines"
3. "Freedom At 21"
4. "Love Interruption"
5. "Blunderbuss"
6. "Hypocritical Kiss"
7. "Weep Themselves To Sleep"
8. "I'm Shakin'"
9. "Trash Tongue Talker"
10. "Hip (Eponymous) Poor Boy"
11. "I Guess I Should Go To Sleep"
12. "On And On And On"
13. "Take Me With You When You Go"

Nota: 4,5/5