Chico Science: o último gênio da música brasileira

Em 1994, eu tinha seis anos de idade e não tinha muita ideia do que acontecia no mundo dos adultos. Sabia que o Brasil estava sem ganhar uma Copa do Mundo fazia um tempão porque meu pai vivia falando disso quando reclamava do Raí. “Toca pro Romário que ele resolve” deve ter sido o que mais ouvi naquele ano.

Pois neste mesmo ano, uma espécie de revolução acontecia na cena musical brasileira. Criado lá em Pernambuco em meados dos anos 1970, o manguebeat, de fato, só apareceu para o Brasil quando o álbum Da Lama ao Caos, de Chico Science e Nação Zumbi, estourou e ajudou outras bandas da região, como Mundo Livre S/A, a mostrarem seu talento para outras regiões do País.

Três anos depois de tudo isso, Chico morreu em um acidente de carro e, com apenas oito anos, não me dei conta de importância do que ele fez e do que sua morte representou para a música.

Alguns anos depois, ouvi umas músicas da Nação Zumbi, com Jorge du Peixe nos vocais, e fui correr atrás de mais coisas e cheguei no Da Lama ao Caos. E que disco sensacional. Ouvir o álbum novamente é perceber que a mensagem transmitida ainda está muito atual, mesmo 18 anos depois de seu lançamento.

Muita gente vai discordar do que vou dizer, mas Chico Science foi o último grande gênio (não essa banalização da palavra que usam por aí. Gênio no puro sentido da palavra) que a música brasileira teve. Ainda bem que a Nação Zumbi segue continuou e segue transmitindo a mensagem que seu mangueboy deixou.

Chico se foi, a mensagem ficou. Espero que fique por muito tempo.

Leia o manifesto "Caranguejos com Cérebro", que está no encarte de Da Lama ao Caos.


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